Novos ares

Iguarias da Austrália e Nova Zelândia começam a ganhar o gosto dos mineiros

Aos poucos, a culinária da Oceania cai no gosto dos belo-horizontinos. Veja exemplos em BH

PUBLICADO EM 22/09/19 - 03h00

Seja qual for a rota escolhida – pelo Atlântico ou pelo Pacífico –, a viagem é longa. Muito longa. E, claro, requer escalas. Mas, se conhecer de perto os países da Oceania é uma experiência reservada a poucos – até mesmo pelo preço –, algumas das iguarias de lá, do outro lado do mundo, vêm pouco a pouco se tornando conhecidas dos brasileiros – e, por tabela, dos mineiros. 

Justiça seja feita, o principal responsável pelo feito é o Outback, rede que, apesar de ser de origem norte-americana, se debruça sobre a culinária australiana, com direito a pratos como, por exemplo, o arroz Tasmânia, cujo nome é dedicado à ilha localizada ao sul da Austrália e mais conhecida pelo diabo-da-Tasmânia. A tradicional costela ao barbecue é outro prato oferecido pela rede – “barbie” é uma gíria australiana para “barbecue” (“churrasco”, em português). 

“Um dos nossos pratos- ícone, a Bloomin’ Onion, que arrasta apaixonados por todo o mundo, tem o formato inspirado na flor australiana waratah, que geralmente tem cores avermelhadas, cerca de dez centímetros de diâmetro e floresce na Austrália nos meses de setembro e novembro”, explicou Renata Lamarco, diretora de marketing do Outback Brasil. 

Além do menu que batiza os pratos com nomes inspirados em diversos costumes e expressões típicas do país da Oceania, o estabelecimento é inspirado nas cidades do destino do canguru reverberando em imagens decorativas e informações sobre o território australiano. O chamado “pão australiano”, ou “aussie bread”, é outro produto hoje facilmente encontrado pelos mineiros: de coloração escura e levemente adocicado, a versão do Outback leva mel e açúcar mascavo na composição. “Ele é inspirado no pão rústico consumido pelos fazendeiros e pelos pastores de ovelhas do interior da Austrália. Ele carrega toda a tradição dos ranchos australianos”, disse.

Já no que diz respeito a supermercados, várias redes presentes na cidade – como Verdemar e Super Nosso – trazem, em suas gôndolas de importados, os biscoitos Tim Tam, quase uma instituição por lá. Para não soar como exagero, vale dizer que os australianos consomem anualmente cerca de 35 milhões de embalagens de Tim Tam. “A venda desses biscoitos é muito boa. É uma marca australiana fantástica, com qualidade excepcional”, disse Francisco Morais, gerente de compras do Super Nosso, que iniciou neste ano a importação própria da iguaria. 

Recém-chegados

Novidades mais recentes na cidade são a presença de dois cafés que têm, em seu DNA, uma pitada da Austrália/Nova Zelândia. O neozolandês Steven Mahoney já mora em Belo Horizonte há 20 anos, mas, só de ouvir o sotaque, que parece ser de alguém que acabou de pisar em terras mineiras, dá para perceber que não perdeu sua essência, exatamente o que o levou a inaugurar, há sete meses, o Recharge Café.

O estabelecimento é inspirados nas cafeterias internacionais e, por lá, há bandeiras dos principais países da Oceania. Há também um aconchego na decoração rústica de tijolinhos, bem típica dos cafés australianos, e o conceito da sustentabilidade refletido no continente – utensílios de plástico, como canudos e talheres, não entram no estabelecimento.

Já o cardápio privilegia a parte de cafeteria, uma vez que, no continente, muitos são especializados na preparação e apresentação de café – e de qualidade, uma influência dos imigrantes europeus no processo de colonização. Cada cafeteria tem sua forma de preparação e apresentação. 

“Curtimos um café de verdade, mesmo um expresso bem-feito. Por lá, todo mundo tem um moedor de grãos em casa e exige cafés de qualidade”, conta ele, citando como exemplo o stev’o – expresso duplo, com leite  e creme de leite.

A experiência se estendeu para o brunch, refeição que é o carro-chefe do Uluru. Vale dizer que “uluru” é o nome de uma rocha localizada no coração do deserto australiano. O menu, muito colorido, reflete o jeito australiano de servir as refeições, que priorizam ingredientes mais leves, como frutas, brotos e até flores comestíveis – provado por dois anos pelos proprietários André Carvalho e Luiza Pimentel durante a estadia na Austrália. “Por lá existe uma cafeteria a cada quarteirão. Os australianos gostam de tomar café da manhã na rua, inclusive nos dias de semana. Por isso o brunch sempre está disponível no cardápio fixo, seja qual for a hora do dia”, contou André.

A mistura de café da manhã com almoço do Uluru é inspirada nos cafés australianos, mas com uma influência mineira. Um exemplo é o Eggs Benny – torradas de pão rústico, cobertas com avocado, rúcula, bacon (ou salmão) ovo pochê e molho holandês – e o banana bread – bolo de banana típico da Austrália.

Outro café que aportou na cidade recentemente, o Duckbill tem como símbolo Bill, um ornitorrinco, animal típico da Oceania  e um dos dois únicos mamíferos ovíparos existentes. Localizado no bairro Funcionários, o endereço é, na verdade, uma franquia da marca, especializada em cafés e cookies. E por que o ornitorrinco, então? O mascote foi escolhido por ser um animal diferente, único. Como a franquia quer ser. (com Patrícia Cassesse)

Pratos já inseridos nos menus em BH
A alimentação dos australianos guarda, claro, muitos traços da colonização britânica – o clássico fish and chips (o peixe com batatas), por exemplo, acaba sendo um prato típico também de lá – e aqui, em BH, são incontáveis os menus com essa opção. 

Já o chef Vitor Pacheco, do La Vinicola, trabalhou um ano na Austrália se inspirou na cultura do churrasco e das carnes gordurosas para criar as costeletas de leitão temperadas com dry rub, defumadas e finalizadas com molho barbecue – uma criação “aussie” que é servida no bar. “O molho é feito para pincelar a carne durante o processo de cocção e dá um sabor diferenciado à carne”, disse. 

Já na mostra CasaCor, a chef patissière Mariana Correa criou sua versão da belíssima pavlova – uma torta australiana ou neozelandesa (ainda existe essa briga) de merengue para o restaurante Na Mesa da Agnes. “Faço o suspiro com chá preto, uso chantilly de cream cheese e finalizo com mel de abelha nativa e frutas cítricas”, disse. A sobremesa fica disponível até o dia 13 de outubro. 

Onde ir:
Uluru Café & Brunch
Av. Afonso Pena, 2.925, Funcionários. (31) 99908-1103
Recharge Café
R. Cláudio Manoel, 1.124, Funcionários
Outback Steakhouse 
Unidades nos shoppings BH, Boulevard e Pátio Savassi
DuckBill Cookies & Coffee 
R. Professor Moraes, 131, Funcionários. (31) 3785-2232
La Vinicola Wine Bar & Fingerfood 
R. São Paulo, 1.815, Loja 1, Lourdes. (31) 3889-0098
Restaurante Na Mesa da Agnes (até 13 de outubro)
Palácio das Mangabeiras, rua Mario Costa Tourinho, s/n.