Comida

Trabalho inédito ajuda a entender história da gastronomia mineira

Senac-MG buscou no Santuário do Caraça referências para pesquisa

Entre as curiosidades da obra está a explicação para o uso da palavra quitanda, em referência a pastelaria caseira, como bolos e biscoitos; o hábito, acredita-se, tenha surgido no século XVII, como herança dos portugueses | Foto: ALISSON GONTIJO
PUBLICADO EM 25/08/18 - 08h35

Tiradentes, MG. Em um mundo no qual o “trend”, a tendência, é palavra de ordem, olhar para o passado pode parecer antiquado, mas é sempre útil para explicar o presente.

Foi mais ou menos essa a motivação dos pesquisadores do Senac-MG nos últimos dois anos, que buscaram entender como a culinária mineira chegou ao patamar de hoje, de sucesso entre os turistas, na TV e internacionalmente.

O resultado desse trabalho que pode ajudar no resgate e valorização de tradições da cultura alimentar no Estado está sendo mostrado durante o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes.

Nessa sexta-feira (24), primeiro dia da atual edição, houve a apresentação da revista “Primórdios da Cozinha Mineira: da História à Mesa”.

A publicação traz um resumo da pesquisa que apontou nove pilares da cozinha mineira: horta histórica, pomar histórico, farinhas antigas, pães e quitandas; receitas tradicionais, queijaria, doçaria, bebidas alcoólicas, cafés e chás, carnes e outros derivados de animais, além de ambiente, utensílios e técnicas. Tudo isso delineado por algumas influências que se destacaram, como a europeia, na doçaria.

Para chegar a essa delimitação, usou-se um recorte geográfico: o Santuário do Caraça, com 240 anos de fundação e situado em um dos primeiros polos de colonização em Minas, a região Central do Estado, colaborou cedendo material histórico para a investigação.

“O Santuário do Caraça preservou tudo nosso neste assunto, e foi assim que chegamos aos nove pilares, documentados. Por meio dessa pequisa, conseguimos entender como a gastronomia chegou ao atual patamar. Até então não tínhamos referência”, explicou a pesquisadora e consultora técnica em pesquisa gastronômica do Sena em Minas, Vani Pedrosa.

Entre as curiosidades da obra está a explicação para o uso da palavra quitanda, em referência a pastelaria caseira, como bolos e biscoitos. O hábito, acredita-se, tenha surgido no século XVII, como herança dos portugueses.

No próximo sábado (1), o Senac apresenta, no festival gastronômico, uma antiga técnica de conservação de porco registrada em Tiradentes, no Campo das Vertentes: a de conservação no barro.

No total, os especialistas identificaram cinco espécies de conservação da carne que gera produtos de alta qualidade: em líquidos oleosos (como banha), mel, fumaça (os defumados), frio e sereno, além da salga.