Tendência

Venha provar meu brunch

O requinte da refeição, citada no samba de Baleiro, se deve ao fato de ela não ser tão comum em terras tupiniquins, especialmente na capital mineira

PUBLICADO EM 19/03/17 - 03h00

Em “Samba do Approach”, o cantor e compositor Zeca Baleiro, em uníssono com Zeca Pagodinho, faz um jogo de palavras em português e outras línguas para contar a história de um “nouveau-riche” (termo em francês para novo-rico) que passa a usufruir das benesses do dinheiro. Apesar de a letra da canção dar a entender que o brunch é chique, a refeição – mais completa que um café da manhã e menos que um almoço – é comum nos Estados Unidos e em países europeus, como na Inglaterra, onde foi criada no século XIX.

O requinte da refeição, citada no samba de Baleiro, se deve ao fato de ela não ser tão comum em terras tupiniquins, especialmente na capital mineira. De acordo com Raquel Bondan, proprietária da confeitaria Frau Bondan, que serve brunch desde sua abertura, há 15 anos, a pouca aceitação se devia a uma característica dos mineiros. “A gente é muito tradicional em tudo. Só quando a coisa vira moda que as pessoas começam a se interessar”, diz.

Isso, porém, não foi motivo para que Raquel desistisse de servir a refeição, que é a sua predileta. Ela conta que, quando começou a oferecer brunch, era a única que se deliciava com ele. Por isso, o brunch passou por algumas adaptações e é servido em um kit que leva, entre outros alimentos, pães, ovos mexidos, cream cheese, frutas e uma bebida quente.

“Acredito que o brunch oferece a mesma sensação do momento em que as pessoas param para tomar um cafezinho. É algo que se come com prazer, já que sai da rotina de se tomar café da manhã e, depois de algumas horas, almoçar”, analisa. O brunch é servido na Frau Bondan todos os dias, com exceção do domingo, a partir das 9h. O valor é R$ 29.

Tendência. Mas, se antes, o brunch não era popular entre os belo-horizontinos, hoje a refeição começa a ser tendência na capital. É o que conta um dos sócios do Guaja Casa, Lucas Durães. O espaço, que funciona como um café-coworking de segunda a sábado, estava com baixo movimento no último dia da semana. “As pessoas vinham com o intuito de lazer, não mais de trabalhar. Por isso, queríamos algo mais compatível. Como não existem muitas opções de brunch em Belo Horizonte, percebemos uma lacuna de mercado em que podíamos atuar”, destaca.

O resultado, segundo Pedro Mendes, chef residente do Guaja, tem sido um sucesso. Mendes afirma que, em um dos sábados, por exemplo, 120 pratos de brunch foram servidos e que muita gente foi embora sem poder experimentá-lo. Ao todo, cinco opções compõem o cardápio do brunch inspirados em bairros de Nova York. Brooklyn, Bronx, Manhattan, Port Richmond e Meatpacking são servidos entre 10h e 14h, em valores que variam entre R$ 24 e R$ 28.

E não é apenas o Guaja que percebeu a carência desse tipo de refeição em Belo Horizonte. A unidade do Mocca Café do Vila da Serra, em Nova Lima, tem oferecido brunch desde o domingo passado. Segundo a proprietária do estabelecimento, Adriana Martins Gomes, a procura por esse tipo de refeição aumentou muito nos últimos meses.

“Abria o café aos sábados apenas para eventos fechados, mas muitas pessoas que moram por aqui estavam pedindo algo do tipo. Depois de fazer uma pesquisa em países como Espanha, França e Portugal, onde as pessoas têm tradição de comer brunch, resolvi oferecê-lo também, adaptando ao cardápio dos mineiros”, revela.

Elaborado em conjunto com a chef do Mocca, Verena Gonçalves, o brunch é servido aos domingos, das 10h às 14h, e tem seguido o esquema de “soft open” (abertura para experimentação) com valores promocionais de R$ 19 e R$ 25. Mas quem não quiser se render aos deleites da comida tipicamente estrangeira pode também tomar café no local, às 9h.

Na padaria ou em casa. O brunch também pode ser uma opção para quem não tem muito tempo, mas quer alimentar-se bem. De acordo com Lucilaine Silva, à frente do marketing da padaria Vianney, muita gente passa por lá antes de ir trabalhar para tomar um café da manhã ou comer um brunch. “Temos um giro de pessoas muito grande por aqui”, afirma. Além de ser servido todos os dias em formato de bufê, com uma variedade de bolos, roscas e sanduíches, entre outros, a refeição também pode ser encomendada. A refeição tem valor de R$ 43,89 o quilo durante a semana, e R$ 54,89 aos sábados, domingos e feriados.

Vegano. Se por um lado a maioria dos brunches leva ovos e carnes, o comercializado pela Quituts é livre de produtos de origem animal. A chef Luiza Oliveira comenta que faz tanto eventos abertos quanto particulares, e o cardápio varia de acordo com o gosto do cliente. “Vimos que o brunch seria algo diferente e que agradaria mais a quem estivesse atrás de alimentação caseira saudável”, diz. Ainda não há eventos previstos, mas o valor do ingresso varia entre R$ 40 e R$ 50.

Serviço 

Guaja Casa
– Avenida Afonso Pena, 2.881, Funcionários, (31) 2127-1517

Mocca Coffee and Meals -  Alameda do Ingá, 16, Vila da Serra, Nova Lima, (31) 2516-0207

Quituts Cozinha Vegana – encomendas pelo e-mail quituts@gmail.com

Frau Bondan – rua Espírito Santo, 1.909, Lourdes, (31) 3337-8198

Padaria Vianney – rua dos Aimorés, 155, Funcionários, (31) 3227-2071