Sem-teto

Eleições em BH: Opositores criticam fala de Kalil sobre moradores de rua

Atual prefeito de Belo Horizonte disse que se der muito conforto, população em situação de rua vai aumentar

Moradores vivem em situação de rua na Savassi, em Belo Horizonte | Foto: Uarlen Valerio / O Tempo - 19.03.2020
da redação
14/10/20 - 21h29

Pelo menos cinco candidatos à prefeitura de Belo Horizonte, reagiram nesta quarta-feira (14), à fala do atual prefeito e candidato à reeleição Alexandre Kalil (PSD) sobre moradores em situação de rua. Para Kalil, a situação é “um problema gravíssimo da cidade”. Ele também ressaltou: “Se você der muito conforto, vamos ser muito sincero, ano que vem são 20 mil, tá certo? Então vai falar: 'gente, morador de rua bom é lá em Belo Horizonte. Morar bem (na rua) é lá em Belo Horizonte'. Então é um problema que tem que ser enfrentado com coragem”

Números do projeto Polos da Cidadania, da UFMG, apontam que mais de 9.000 pessoas estavam em situação de rua em Belo Horizonte no mês de julho.

A candidata Áurea Carolina (PSOL) usou sua conta no Twitter para fazer um desagravo à fala do prefeito: "É inacreditável a declaração do Kalil sobre as pessoas em situação de rua. Ninguém está na miséria porque acha confortável. A prefeitura não investiu em política habitacional p/ resolver de vez esse problema social e joga a culpa na população. É desumano [sic]".

Na avaliação de João Vítor Xavier (Cidadania), Kalil desconhece o problema da população em situação de rua e na atual gestão o número aumentou consideravelmente. “Ele é o grande responsável por essa derrota social de Belo Horizonte e ficará marcado na história como o prefeito que mais fez crescer a população de rua na cidade”, criticou. Segundo o adversário de Kalil, houve um aumento do número de moradores de rua ao longo dos quatro anos. “Existe a discussão se dobrou ou se triplicou, mas o número aumentou substancialmente. Nós nunca tivemos tantos moradores de rua na história de BH. Isso tem um responsável e chama-se Alexandre Kalil”.

Luísa Barreto (PSDB) foi outra candidata que rebateu Kalil. Segundo a tucana, a fala do prefeito é uma demonstração de que ele não tem qualquer olhar para quem mora nas ruas da cidade e, diante disso, trata as pessoas como um número ou uma matrícula de IPTU. Ela ainda criticou a falta de soluções da atual administração: “Essas pessoas não querem morar na rua. Elas precisam de uma prefeitura que olhe para elas como pessoas que têm histórias diferentes e precisam ser tratadas de maneiras diferentes. Uma prefeitura que não olha para quem mora na cidade, seja em suas casas ou nas ruas, é uma prefeitura que não vai a lugar nenhum”, alertou a candidata.

Para Nilmário Miranda (PT) bem mais que infeliz, a declaração do político que tenta a reeleição “é absolutamente perversa, anti-humano”. O candidato disse que só dar comida e barracas para os sem-teto não resolve o problema, entretanto não se deve deixar faltar o mínimo para a sobrevivência das pessoas. Nilmário defende que a prefeitura melhore a infraestrutura de assistência social, para saber ao certo o tamanho do problema e prestar serviços básicos: “Uma coisa é o agora, não deixar que as pessoas morram de fome. Depois, vamos trabalhar com aluguel social e programas de habitação. Tem muitos imóveis abandonados em Belo Horizonte e essa pode ser uma saída para dar o básico para as pessoas que é a moradia,” lembrou Nilmário.

Já Wadson Ribeiro (PCdoB) disse em vídeo publicado nas redes sociais que a declaração do atual mandante da capital “é um absurdo e envergonha a cidade de Belo Horizonte.” O candidato de esquerda também convidou Kalil para passar uma noite dormindo nas pedras debaixo de um viaduto para ver o conforto de ser morador de rua. Ele também defendeu políticas públicas específicas: “Nós queremos renda mínima para colocar essas pessoas na condição de trabalho e atendimento médico para aqueles que são dependentes químicos. Ninguém vai viver na rua por opção, estão assim porque essa sociedade empurra muitas pessoas para morar em situação de rua,” destacou.

 

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