Dores no peito ou nas costas merecem atenção. Sempre. Há dez dias morreu o cantor e compositor Vander Lee, 50, vítima de uma doença cardíaca rara chamada de dissecção de aorta, cujo principal sintoma é uma forte dor nas costas, na região das escápulas.

A dissecção de aorta é uma doença aguda que acontece quando há uma lesão na camada mais interna da artéria. Em um pico de pressão arterial, o sangue penetra por essa lesão e acaba separando as camadas que formam o vaso sanguíneo, danificando-a. Caso essa lesão vá em direção ao coração, a doença pode ser fatal.

“As chances de morte são de 2% a cada hora, e isso vai se somando. Chega a 50% de probabilidade nas primeiras 48 horas”, comenta o médico Alexandre Amato, cirurgião vascular do Amato Instituto de Medicina Avançada. Por isso, o socorro imediato é tão importante.

“Em caso de dor no tórax, a orientação é chamar o Samu ou uma ambulância imediatamente. Algumas vezes, a dor não terá nada a ver com um problema de coração. Pode ser uma dor muscular, por exemplo. Mas é melhor deixar o cardiologista de plantão avaliar”, recomenda Amato.

A dissecção de aorta é uma doença raríssima e atinge entre cinco e 30 pessoas a cada 1 milhão em todo o mundo. Os dados são de um artigo publicado na revista “Circulation”. Por ser aguda, pode não dar sinais antes de acontecer de fato, e não há exames específicos para identificar o problema antes de ele acontecer.

Porém, alguns fatores aumentam os riscos e demandam atenção dobrada. O primeiro é a herança genética. “Histórico é um fator de risco importantíssimo. Sealguém na família tem histórico de dissecção na aorta, há que se ficar atento”, alerta Amato. Outro fator é o tabagismo, além da hipertensão arterial.

Prevenção. Apesar da dificuldade de um diagnóstico prévio, algumas atitudes auxiliam na prevenção. A primeira delas são os check-ups periódicos. De acordo com Amato, acima dos 50 anos, os exames de rotina devem ser feitos uma vez por ano. Antes disso, a cada dois anos é o ideal.

Depois vem o controle sério da pressão arterial. “Tem que verificar sempre. Alguns pacientes dizem que têm pressão alta, mas não vão ao médico há quatro, cinco anos. Tem que ir para ver se a dosagem do remédio está certa, se a pressão está controlada mesmo”, diz o médico. Não fumar também é fundamental, assim como a prática regular de exercícios físicos.

“O exercício deve ser controlado para não gerar pico de pressão. E devem-se evitar atividades muito extremas. Uma boa medida é a seguinte: se você consegue fazer aquele mesmo exercício dez vezes seguidas, ele não é extremo. Aqueles exercícios que você faz muita força para levantar determinado peso uma vez só já são arriscados”, orienta.

Gravidade. Em alguns casos, a dissecção da aorta não vai em direção ao coração. Nessas situações, o prognóstico da doença é menos grave, e o tratamento não precisa ser cirúrgico. 

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