Espiritualidade

Uma comunidade alternativa 

Sociedade defende modelo de vida baseado em princípios éticos

Por Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2014 | 03:00
 
 
Arte. Templo “Hall of the Earth” na comunidade de Damanhur foi todo escavado à mão e é considerado a oitava maravilha do mundo Foto: Damanhur/divulgação

“Sonho que se sonha só é só um sonho, mas sonho que se sonha junto é realidade”, já dizia Raul Seixas, que também compôs “Sociedade Alternativa” uma ideologia de vida que ele defendia e em que acreditava. A mesma visão de vida tinha Falco Oberto Airaudi, nascido em 1950 em Balangero, perto de Turim, na Itália, e que morreu no ano passado. Ele acreditou tão fortemente em seus sonhos que foi capaz de envolver muitas outras pessoas e fazê-las sonhar também.


Falco fundou em 1975 a Federação de Damanhur, ecossociedade com a sua própria estrutura social e política. Um centro de pesquisa espiritual, artístico e social conhecido em todo o mundo e cuja filosofia é baseada na ação, no otimismo e na ideia de que cada ser humano vive para deixar algo de si para os outros e contribuir para o crescimento e evolução de toda a humanidade.

Os objetivos do Damanhur são: a liberdade e o despertar do ser humano como um princípio divino, espiritual e material; a criação de um modelo de vida baseado em princípios éticos de convivência com amor; a integração harmoniosa e a colaboração com todas as forças ligadas à evolução da humanidade.

Desde 1998 Damanhur é membro do Global Eco-villages Network, organização não governamental formada por comunidades e centros de investigação para apoiar e incentivar a evolução dos assentamentos sustentáveis em todo o mundo.

“Atualmente 600 pessoas vivem dentro da comunidade e 400 em seu entorno. Gente de todo o mundo vem para Damanhur para participar de um projeto de três meses chamado Vida Nova. Elas vivem em um núcleo chamado damanhurian e participam da vida comunitária que incentiva a criação de um modelo social baseado na solidariedade, com respeito ao próximo e ao meio ambiente e à partilha de valores éticos e espirituais”, explica Martina Grosse Burlage, que na comunidade adotou o nome de Macaco Tamerice.

Desde 1993 vivendo como cidadã na Federação de Damanhur, Macaco explica que a escolha de nome de animais e plantas é uma forma de expressar a proximidade com a natureza. “Cada damanhurian escolhe o nome de um animal ou criatura mitológica como primeiro nome e uma planta como segundo nome, é parte de um jogo. O nome não é simplesmente dado, mas conquistado”, diz Macaco, que exerce o cargo de relações internacionais e presidente da Global Ecovillage Network, cantora de jazz na Europa, no Japão e no Canadá, há mais de 20 anos.

Damanhur oferece várias possibilidades para os cidadãos de acordo com o nível de compromisso que cada pessoa escolhe. Há quem opte por viver em tempo integral dentro da comunidade e aqueles que estão ligados ao projeto, mas vivem fora.

Os que desejam vivenciar o espírito comunitário moram em grandes casas com um núcleo formado por 20 pessoas. Na mesma casa há casais, solteiros, filhos, jovens e idosos. A ideia é a troca de experiências entre todos os diferentes grupos etários.

Todo mundo tem seu próprio espaço pessoal e compartilha com os outros as áreas comuns, como cozinha, salas de reuniões, jardins.

A comunidade está inserida em uma reserva florestal com campos agrícolas, áreas residenciais, oficinas de artes, estúdios de artesanato, empresas e fazendas.

“Em Damanhur cada ser humano tem uma origem divina. Nossa tarefa é recuperar a memória e a consciência desse estado primordial. A humanidade é parte de um complexo ecossistema que inclui plantas, animais, terra e várias forças espirituais, e cada parte é uma manifestação de uma força que permeia tudo, um estado chamado de ‘Deus’”, define Macaco.