A menos de um mês do fim da consulta pública sobre a liberação do cultivo de maconha para fins medicinais, 20 empresas nacionais e estrangeiras já procuraram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para manifestar interesse em cultivar a erva no país. Audiência pública para discutir a regulamentação está marcada para esta quarta-feira, 31.
Empresas do Canadá, dos Estados Unidos e de Israel são as mais interessadas. Também desembarcaram no país, com o mesmo interesse, representantes de empresas da Austrália, do Uruguai e da Europa. A diferença dessas últimas é que elas pretendem investir por meio de parceiros locais.
Apesar de a Anvisa colocar o tema em consulta, a liberação do plantio de maconha enfrenta resistência dentro do próprio governo. A reação é capitaneada pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, que trabalha para que, ao fim da consulta pública, o tema seja enterrado.
Em entrevista ao site Jota semana passada, Terra disse que o governo poderia até mesmo encerrar as atividades da agência, caso a ideia vá adiante.
Beneficiados
Estima-se que, com a regulamentação aprovada pela Anvisa, o total de pacientes beneficiados pelos medicamentos à base de canabidiol, o princípio ativo da maconha, chegue a 3,9 milhões em três anos.
Isso significa mercado potencial de R$ 4,7 bilhões ao ano, calcula a empresa de dados New Frontier em parceria com a startup brasileira The Green Hub.
Sem projeções oficiais
O Ministério da Agricultura disse não ter, “por ora, projeções sobre plantio, geração de renda e posição a respeito”. O Ministério da Economia também foi procurado para se manifestar, mas não respondeu.
Consultas públicas
A previsão é que as consultas terminem em 16 de agosto. A Anvisa recebeu 590 manifestações de associações, profissionais de saúde, empresas e população. Só oito foram contrárias à legalização.
Das 304 manifestações sobre registro de produtos a base de Cannabis, 67 foram feitas por profissionais de saúde.
Na 2ª consulta foram feitas 286 contribuições, 3 delas de pessoas jurídicas e 283 de pessoas físicas.
Ainda sobre cultivo, contribuíram até agora 199 pessoas que se identificaram como cidadãos ou consumidores, 43 profissionais de saúde e 21 como pesquisadores.