Pronunciamento

Bolsonaro na ONU: queimadas são inevitáveis e existem campanhas de desinformação

Presidente discursou virtualmente nesta terça-feira (22) na abertura da 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas

Por Paula Coura
Publicado em 22 de setembro de 2020 | 11:22
 
 
Presidente Jair Bolsonaro discursou na abertura da 75ª edição da Assembleia Geral ONU Foto: reprodução vídeo

Em meio a uma enxurrada de críticas pela condução da política ambiental no Brasil, o  presidente Jair Bolsonaro discursou virtualmente nesta terça-feira (22) na abertura da 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). O chefe do Executivo brasileiro fez um discurso em defesa das ações tomadas pelo país para combater as queimadas na Amazônia e no Pantanal, além de pontuar o que foi realizado no Brasil para enfrentamento da pandemia. 

Desde a década de 40, cabe tradicionalmente ao representante brasileiro fazer o discurso inaugural do debate-geral da ONU, em Nova York. Esta foi a segunda vez que Bolsonaro falou no evento. Ao estrear na ONU, em 2019, o presidente defendeu a soberania do país na Amazônia e disse que o Brasil tinha um compromisso solene com a preservação ambiental. Um ano depois, o tema voltou a ter espaço na fala dele.

Em várias partes do discurso,  Bolsonaro afirmou que existem "campanhas de desinformação" em relação à Amazônia e ao Pantanal, que são "escoradas em interesses escusos e associações impatrióticas". 

"A Amazônia brasileira é sabidamente riquíssima. Isso explica o apoio de instituições internacionais a essa campanha escorada em interesses escusos que se unem a associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas, com o objetivo de prejudicar o governo e o próprio Brasil", disse.

Segundo o presidente, as queimadas - que já consumiram mais de 2,3 milhões de hectares em todo o Pantanal só neste ano - "são consequência invitável das altas temperaturas". "O nosso Pantanal, com área maior que muitos países europeus, assim como a Califórnia, sofre dos mesmos problemas (das queimadas). As grandes queimadas são consequências inevitáveis da alta temperatura local, somada ao acúmulo de massa orgânica em decomposição."

Pantanal sofre com queimadas há dias

Conforme Bolsonaro, "a nossa floresta é úmida, e não propaga incêndios". Na fala do presidente, como o país está perto de se tornar o maior produtor mundial de alimentos existe interesse em "propagar a desinformação". Ele frisou também que focos criminosos de incêndio foram combatidos. "Preservamos 66% da nossa vegetação nativa, usando 27% das terras do território para agropecuária e agricultura", explicou. 

Vazamento de petróleo

Ainda sobre a questão ambiental, Bolsonaro acusou a Venezuela de estar por trás do derramamento de óleo na costa nordestina em 2019, mesmo sem que haja uma posição oficial dos órgãos ambientais sobre o tema. “Regras ambientais devem ser respeitadas para que a agressão ocorrida contra o Brasil não seja repetida em outros países.”

Pandemia

Em relação ao enfrentamento do coronavírus no Brasil, Bolsonaro disse que haviam dois problemas para serem resolvidos: o vírus e o desemprego e "ambos deveriam ser tratados igualmente".

"Nosso governo, de forma arrojada, tomou todas as medidas de isolamento e restrições de liberdade foram delegadas a cada um dos 27 governadores das unidades da Federação", disse, reforçando que delegou as medidas de enfrentamento da pandemia à estados e municipíos. A falta de um posicionamento da União em relação ao combate ao vírus, sobretudo no início da pandemia, é uma das críticas de especialistas no combate ao coronavírus.

Economia

O presidente ainda citou o Auxílio Emergencial como um dos maiores programas do mundo de socorro aos efeitos econômicos causados pela pandemia e afirmou que foram destinados U$S 100 bilhões para a saúde. 

Além disso, Bolsonaro afirmou que o país tem avançado para sua entrada na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesse sentido, as proteções de dados e ambiental são algumas uma das práticas que reforçam essa vontade, tal como a Reforma da Previdência e a apresentação ao Congressos dos projetos de reformas Tributárias e Adminsitrativa.

Leia mais: LGPD devolve ao consumidor controle sobre as próprias informações

O presidente brasileiro faz um apelo para o combate mundial à "cristofobia", e encerra seu discurso afirmando que o Brasil é um país “cristão e conservador”, que tem na família a sua base. 

Leia na íntegra o discurso de Jair Bolsonaro da Assembleia Geral da ONU