Pandemia

Franceses protestam contra restrições e vacinação obrigatória

Grupos rejeitam passe sanitário para acesso a serviços e eventos culturais

Por AFP
Publicado em 24 de julho de 2021 | 14:43
 
 
Manifestante contra passe sanitário carrega faixa "todos os caminhos levam à Covid" durante protesto na praça da Bastilha, em Paris Foto: SAMEER AL-DOUMY / AFP

Paris, França. Aos gritos de "Liberdade, liberdade!", milhares de pessoas, segundo jornalistas da AFP, manifestaram-se neste sábado (24) na França contra as medidas decididas pelo governo para lutar contra o avanço da epidemia de Covid-19, que ganha terreno com a variante Delta.

Em Paris, uma mobilização constituída essencialmente por "coletes amarelos", um movimento de protesto hostil à política do governo, partiu da Place de la Bastille, no sudeste da capital. 

Jornalistas da AFP presenciaram incidentes esporádicos entre agentes das forças de ordem e manifestantes.

Milhares de outras pessoas, poucas delas usando máscara, reuniram-se ao som do hino nacional, a Marselhesa, na Place du Trocadéro, no oeste de Paris, respondendo ao chamado do ex-eurodeputado da extrema direita Florian Philippot.

"Liberdade, liberdade" gritavam os manifestantes, vindos de Paris e das províncias, reunidos em torno de um púlpito com dezenas de bandeiras francesas. "Liberdade, eu não sou sua cobaia", resumia o slogan escrito em um cartaz.

Esse movimento ocorre no momento em que os franceses afirmam ser esmagadoramente a favor da decisão - tomada em 12 de julho pelo presidente Emmanuel Macron - de tornar a vacinação obrigatória para os profissionais da saúde e de outras profissões, sob pena de sanções.

A obrigatoriedade do passe sanitário (vacinação completa ou teste negativo recente) para ter acesso a locais públicos também é apoiada pela maioria dos franceses, de acordo com uma pesquisa publicada no dia seguinte a esses anúncios.

Já aplicado em espaços culturais e de lazer, o passe sanitário deve ser estendido no início de agosto aos cafés, restaurantes e trens. 

O anúncio das novas medidas por Emmanuel Macron teve o efeito de acelerar a vacinação na França: 39 milhões de pessoas, ou 58% da população total, receberam pelo menos uma dose até sexta-feira e 48% estão totalmente vacinados. 

Mas depois de uma queda na primavera, o número de contaminações explodiu na França sob o efeito da variante Delta, altamente contagiosa, passando de 4.500 no dia 9 de julho para quase 21.500 na sexta-feira. 

A epidemia já matou mais de 110.000 pessoas na França até o momento, de acordo com o site oficial santepubliquefrance.fr. 

Outros protestos foram convocados neste sábado em uma centena de cidades francesas, incluindo Marselha (sul), onde milhares de pessoas de todas as idades marcharam aos gritos de "Liberdade, Liberdade" ou "Macron, não queremos seu passe".

A oposição às medidas do governo congrega manifestantes anti-máscara, anti-vacina ou anti-confinamento com reivindicações multifacetadas.

No último sábado, mais de 110 mil pessoas se manifestaram em todo o país contra a vacinação, a "ditadura" ou o passe de saúde. 

Itália

Milhares de pessoas protestaram na Itália neste sábado (24) contra as restrições adotadas pelo governo para as pessoas não imunizadas contra a Covid-19, enquanto Roma tenta impedir novos surtos de infecções. "Liberdade!" e "Abaixo a ditadura!", gritavam os manifestantes carregando bandeiras italianas, de Nápoles a Turim, passando por Milão, onde os participantes encharcados pela chuva clamavam contra o passe sanitário.

A maioria não usava máscara. O Certificado Verde, que é uma extensão do passe de saúde europeu, será exigido na Itália a partir de 6 de agosto para permitir o acesso a cinemas, museus, piscinas cobertas e estádios, ou para comer em restaurantes. Pessoas com o esquema vacinal completo, com teste negativo recente ou que tenham se recuperado da doença poderão ter o certificado.

(Atualizado às 16h25)