Eleições na UE

Merkel emplaca aliada na União Europeia em cartada contra crise

Ursula Von der Leyen é eleita 1ª mulher presidente da Comissão Europeia em votação apertada

Ter, 16/07/19 - 21h08
A conservadora alemã Ursula Von der Leyen foi eleita para presidir a Comissão Europeia | Foto: FREDERICK FLORIN/AFP
A conservadora alemã Ursula Von der Leyen tornou-se ontem a primeira mulher eleita para presidir a Comissão Europeia, depois que uma Eurocâmara dividida confirmou, com o mínimo de votos, a decisão dos mandatários de colocá-la à frente do bloco até 2024.
 
“Sinto-me muito honrada pela confiança depositada em mim, que é a confiança depositada na Europa”, disse ela, pedindo aos deputados para trabalhar “de forma construtiva por uma Europa unida e forte”. 
 
A candidatura de Ursula Von der Leyen à Comissão Europeia surpreendeu a classe política e jornalística alemã, mas acabou sendo o ás escondido na manga da chanceler Angela Merkel para acabar com a crise desencadeada desde o fim do mês passado nas instituições europeias – pelo fato de ela ser filiada a seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), e porque Merkel vinha perdendo apoio político. 
 
É justamente na questão partidária que repousam as maiores dúvidas sobre o futuro político da Alemanha – além do estado de saúde da chanceler, que foi vista tremendo em público três vezes. Em Berlim, Merkel cumprimentou sua aliada pela vitória e disse que ela irá “atacar com grande vigor os desafios que enfrentamos como União Europeia”. Von der Leyen já foi considerada uma das possíveis herdeiras da chanceler.
 
Apesar de contar com o apoio das principais famílias pró-europeias – seu Partido Popular Europeu (182 eurodeputados), os socialdemocratas (154) e os liberais (108) –, que somam um total de 444, conseguiu 383 votos a favor e 327 contra. 
“Foi nomeada fora da bolha de Bruxelas, o que explica seu resultado modesto”, disse à AFP Jean-Dominique Giuliani, da Fundação Schuman, ressaltando uma “rebelião de socialistas por razões políticas e dos Verdes por razões ideológicas”. 
 
A presidente eleita tentou relativizar o resultado. “Em democracia, a maioria é a maioria”, disse. 
A candidatura da conservadora, que deixará nesta quarta-feira o ministério da Defesa alemão, do qual ainda é titular, faz parte de fato de um pacote de altos cargos negociado pelos mandatários em três dias de cúpula em Bruxelas.
 
Além da escolha dela para presidir a Comissão Europeia, o acordo feito entre social-democratas, o PPE e os liberais reservava ainda a presidência do Conselho Europeu ao liberal belga Charles Michel e a da Eurocâmara a um socialista. 

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