Polêmica

Impasse ameaça a Casa do Movimento Popular

Integrantes do Fórum Popular de Cultura (FPC) relatam dificuldades em falar com a diretoria da casa; equipe de reportagem tentou contato, mas também não teve sucesso

Cultura. Casa do Movimento Popular de Contagem foi fundada em 1987 e, de lá pra cá, abrigou diversos movimentos sociais e cedeu espaço para a realização de muitos eventos | Foto: google street view/reprodução
PUBLICADO EM 20/02/15 - 13h42

Um espaço voltado para a população vivenciar cultura e arte e articular movimentos em prol da sociedade. Essa é a função da Casa do Movimento Popular, situada na avenida General David Sarnof, quase esquina com a avenida João Cesar de Oliveira, na Cidade Industrial. No entanto, o Fórum Popular de Cultura (FPC) – um movimento popular que discute o direito à cultura na cidade – afirma que, nos últimos meses, o espaço não estaria cumprindo sua função como deveria, por falta de diálogo com a diretoria da casa.

“Pelo menos nos últimos 15 anos, tempo em que eu acompanho e conheço esse espaço, a coisa não tem sido bem assim. O local sempre esteve fechado e sempre foi difícil encontrar os responsáveis para conversar. O que sempre leva a população a pensar que o lugar é privado ou da prefeitura”, revela Jessé Duarte.

No fim do ano passado, a diretoria da casa teria informado ao FPC sobre uma parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que traria uma rede de TV para a cidade. Nessa parceria teria ficado decidido que a casa passaria a ser novamente de um único projeto, mas, depois de algumas conversas, foi percebido que a TV Rede de Informações Populares (RIP) tinha uma ligação muito interessante com o que acontecia ali, e seria possível recebê-la dando continuidade aos trabalhos desenvolvidos na casa. “Nosso objetivo nunca foi deter a casa para um grupo, mas dar sentido a sua função social para a cidade, agregando mais e mais movimentos e projetos”, revela.

Após o acordo, em janeiro, uma reunião foi marcada entre a direção da casa e integrantes da TV. A ideia era apresentar o projeto aos movimentos populares e debater questões relevantes. No entanto, chegado o dia, a reunião foi realizada na porta da casa debaixo de chuva, pois ninguém da direção ou da TV teria aparecido, as chaves estariam trocadas e havia uma faixa informando que as atividades da casa estavam suspensas.
“Quando chegamos lá, percebemos que o local estava sujo, e o jardim, ainda em construção, estava destruído. A ausência dos dirigentes foi justificada, e o representante da TV que estaria presente também informou que não conseguiu chegar a tempo de uma viagem. Esperamos, ainda, ser recebidos pela direção da Casa e um retorno sobre intervenções que já ocorreram no espaço”, afirma.

Segundo o FPC, dentro da casa ainda encontram-se figurinos, cenários, documentos, aparelhos eletrônicos e dezenas de livros pertencentes ao grupo de teatro e ao movimento cultural independente. “Tudo está trancado sob posse deles, que não dão nenhum retorno da situação e não dialogam”, desabafa.

“O que buscamos é apenas um diálogo mais aberto para que a casa cumpra seu papel na cidade, contemplando os movimentos, coletivos, sindicatos e a sociedade em geral”.

Contrapartida

A equipe de reportagem tentou fazer contato com a diretoria da casa, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno. Em contato com a Prefeitura Municipal de Contagem (PMC), a assessoria informou que não tem nenhuma ligação com o local e, por isso, não poderia ajudar a elucidar as questões.