Acilio Lara Resende

Acílio Lara Resende é jornalista e escreve às quintas-feiras

As atitudes do presidente dão panos para mangas

Publicado em: Qui, 11/07/19 - 03h00

São muitos os assuntos, leitor, sobre os quais gostaria de tratar neste espaço. O jogo entre Brasil e Argentina, por exemplo, no Mineirão, daria panos para as mangas. Na verdade, depois de anos afastado dos jogos no estádio que leva o nome do ex-governador Magalhães Pinto, não me surpreendi com o espetáculo de falta de urbanidade e de educação que lá presenciei. Mas isso ficará para depois.

Qualquer assunto, aliás, ficaria para depois diante das chances de reflexão sobre atitudes – que também dão panos para as mangas – do polêmico presidente Bolsonaro. Agora ele tentou capitalizar, e não obteve o sucesso esperado, o título de campeão da Copa América, conquistado pelo Brasil no Maracanã, na vitória de 3 a 1 contra o Peru.

No último domingo, acompanhado de comitiva de ministros, o teste de popularidade tentado pelo presidente – que se valeu, também, do capital de que dispõe o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro – não deu bom resultado. Recebeu aplausos e vaias. Isso é ruim para um presidente eleito há sete meses e que já fala em deixar o poder no ano de 2026: “Pegamos um país quebrado moral, ética e economicamente. Se Deus quiser, nós conseguiremos entregá-lo muito melhor para quem nos suceder em 2026”, afirmou, esquecendo-se da promessa que fez em sua campanha ao dizer, em outubro passado, ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, que pretendia acabar com o instituto da reeleição logo após a posse: “Começa comigo, se eu for eleito”, disse.

Queria dedicar algumas linhas ao jurista e professor José Afonso da Silva, um dos maiores advogados constitucionalistas do país, entrevistado pelo “O Estado de São Paulo” neste início de semana. Todavia, veio-me à mente a reforma da Previdência, que deverá ser aprovada, segundo cálculo dos líderes partidários, por folgada maioria. Não será a panaceia que muitos pensam. Com certeza, porém, ela abrirá a porta para outras reformas tão ou mais necessárias, como a tributária e a político-partidária, por exemplo, que terão o condão, se efetivadas, de retirar mais depressa o país do patamar humilhante em que está hoje.

Mesmo disposto a continuar com suas falas que dão panos para as mangas, o polêmico presidente deverá sair vitorioso da campanha que ele e seus apoiadores mais afinados, sistematicamente têm feito contra o Congresso Nacional, que, segundo ainda dizem, é composto de gente que só pensa no “toma lá, dá cá”. Explico: a campanha serviu para conscientizar o Congresso dos seus deveres constitucionais. Com o presidente Rodrigo Maia à frente (o deputado entendeu o momento histórico que a vida lhe concedeu), e com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, as duas Casas assumiram o protagonismo da reforma inadiável, mas jamais amada por Bolsonaro.

Parabéns, presidente! Nosso Congresso acordou!

Viva a democracia!

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