O confronto entre os Poderes Executivo e Legislativo não ajuda o país. Poderá levá-lo à bancarrota, se não a uma crise institucional extremamente grave. O último, em torno do Orçamento e que deixou a economia paralisada, ainda não foi superado, infelizmente.

Depois do acordo costurado pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, que está sendo criticado pelo grupo de Carlos Bolsonaro, agora querem barrar o projeto enviado pelo Planalto ao Congresso.

O ministro levou em conta o que sempre valeu em política: a negociação – que o presidente tentou camuflar e que seus seguidores, maldosamente, chamam de “toma lá dá cá”, como se todas as relações com o Congresso obedecessem a essa “lei” diabólica. O acordo feito ainda tinha esta cláusula: deputados e senadores não controlariam a execução das emendas individuais.

O presidente se considera (ou é considerado por seu eleitorado mais radical – que o apoia e o defende em quaisquer circunstâncias) o antipolítico. Para essas pessoas, o capitão nunca erra. Às favas os políticos, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)!

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou – e isso não deixa de ser uma resposta ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que antes acusara os congressistas de “chantagistas” – que “o importante é que”, entre eles, “o acordo seja feito e honrado”.

Mesmo assim, o presidente Bolsonaro disse aos seus seguidores, esquecendo-se do que registrou o “Diário Oficial da União”, “que não houve qualquer negociação em cima dos R$ 30 bilhões. A proposta orçamentária do governo foi 100% mantida”.

Para engrossar ainda mais o caldo (sempre quente) de confrontação geral que o presidente permite, aliados radicais e fiéis estariam dizendo que Luiz Eduardo Ramos o teria traído no acordo que fechou com o Congresso.

Coincidentemente, o experiente ministro se valeu da entrevista de Regina Duarte, recém-empossada na Secretaria de Cultura – contrariando o que disse a atriz – e afirmou “que são seus ministros e secretários que devem se moldar aos princípios publicamente defendidos pelo presidente da República, não o contrário”.

Questionado sobre os motivos da declaração, o ministro reconheceu que sua reação foi uma “chamada de atenção”: “Ela tem que saber que qualquer declaração repercute”. E continuou: “Devemos trabalhar todos pelo mesmo objetivo, seguindo a orientação político-ideológica do presidente e defendendo os valores e convicções do povo brasileiro”.

Se tivesse barba, Regina estaria com ela de molho…

Educação – eis, finalmente, leitor, nosso principal gargalo. Aliás, foi isso o que disse há dias o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga ao “Estadão”.