Opinião

Comunicação e coronavírus

Informação e valor estratégico

Por Marco Piquini
Publicado em 21 de março de 2020 | 03:00
 
 

“Em tempos difíceis, leia, aprenda, trabalhe em cima da coisa, pesquise a literatura a respeito... Informação significa controle.” A frase é de Joan Didion, uma das mais respeitadas escritoras dos EUA, no livro “O Ano do Pensamento Mágico”, e é uma sugestão de como se deve agir em momentos de crise.

Segundo ela, na crise, devemos estudar o tema que nos aflige, que nos perturba ou atrapalha, aquilo que entrou “atravessado” em nossos planos e que agora requer uma reação de contingência. Com mais informação, poderemos enfrentar melhor o desafio que temos pela frente. Parece óbvio, mas às vezes reagimos às emergências sem pensar direito.

A comunicação vive um desses momentos com o coronavírus. Um período em que devemos nos preparar para agir com segurança e assertividade. Já imaginou que essa crise é uma oportunidade para mostrarmos grande valor para nossas empresas e comunidades?

A comunicação deveria saber tudo o que precisa sobre a pandemia, usar fontes oficiais de informação, transmitir dados que sirvam ao bem comum. Campanhas internas esclarecedoras e de prevenção bem desenhadas e engajadoras seriam uma contribuição e tanto.

A comunicação contribuiria de forma decisiva em um “comitê de crise” que deve ser criado e envolver as áreas de RH, administrativa, financeira, legal, entre outras. Com esse perfil, o comitê pode pensar em várias direções e antecipar-se às questões que aparecerão à mesa. Um exemplo entre tantos: como administrar a situação se a empresa adotar o “home office” como prática de trabalho?

Essa é a hora de a comunicação pensar em como ajudar a empresa a manter-se relevante para seus clientes. Não são campanhas para “vender produtos”, mas de posicionamento (que pode ajudar em vendas também). Várias padarias passaram a distribuir gratuitamente parte de sua produção diária para pessoas que já estão em dificuldade por conta da paralisia econômica provocada pelo vírus. A francesa LVMH, do segmento de luxo, parou de produzir perfume para produzir álcool em gel, na França.

Quanto tempo a crise vai durar e o que fazer agora e mais à frente são perguntas sem respostas definitivas. Mas acompanhar e planejar soluções para os próximos momentos é outra tarefa que serviria bem à comunicação. Observar mudanças econômicas e de comportamento pode ser útil para que projetos de comunicação possam ser lançados para reposicionar a empresa em uma nova fase de crescimento e recuperação.

Não é hora de ficar parado. É hora de nós, comunicadores, nos prepararmos e de pensar estrategicamente, para nos posicionarmos de forma a contribuir com as organizações e aumentar nosso valor no mercado.