Opinião

Onde piso?

Direito dos professores à valorização profissional e salário condizente

Por Jacqueline Caixeta
Publicado em 22 de março de 2022 | 03:00
 
 

A ideia aqui é falar sobre o piso salarial do professor, assim, começo com perguntas que pais devem se fazer ao matricular seus filhos numa instituição, seja ela pública ou privada. Onde piso? Será que essa instituição trabalha dentro da lei de diretrizes e da base da educação nacional? Será que desenvolvem sua prática pedagógica buscando alcançar as habilidades e a competências da BNCC? Será que o espaço físico é seguro? E as pessoas que trabalham aqui, são reconhecidas pelo que fazem, com salários dignos e trabalham com satisfação?

Ah, quem dera que tais perguntas fossem feitas...
Será que os pais, principais mantenedores da escola (privada através de mensalidades pagas periodicamente; pública, através dos inúmeros impostos que pagam cotidianamente), que literalmente são responsáveis pelos salários pagos aos professores de seus filhos, perguntam também sobre quanto recebe um professor que vai trabalhar com seu filho?

Qualquer profissional no mundo se sente mais valorizado através de seu salário. Com o professor não será diferente. O professor precisa ser respeitado por pais, alunos, direção, coordenação, mas precisa ter bons e dignos salários, até mesmo para não precisar ficar correndo de escola em escola, com uma jornada desumana de duas, ou até três escolas para trabalhar num mesmo dia.

Para quem diz que é uma profissão que tem duas férias ao ano, chamo para refletir sobre qual profissão leva serviço pra casa, qual profissional chega a trabalhar em casa, muitas vezes mais horas do que na própria escola, elaborando atividades, provas, preenchendo planilhas de planejamento, corrigindo provas? Os professores, em época de fechamento de etapa, costumam virar a noite entre correções e lançamentos de notas. Esse recesso no meio do ano, é mais que merecido, ainda mais pra quem precisa estar física e emocionalmente bem para trabalhar com crianças e adolescentes que, muitas vezes veem no professor o único porto seguro de suas vidas, a única pessoa a ouvi-los e acolhê-los em situações que são da família.

Ao romantizar a profissão dizendo que temos um dom especial, muitos querem, na verdade, é nos dizer que não devemos brigar por melhores salários, já que nossa profissão é uma missão! Podemos ser missionários quando olhamos para os seus filhos com os olhos de quem sabe que eles querem e precisam muito mais de que aprender um conteúdo, temos sim, uma linda formação que nos permite ter sensibilidade para acolher e sonhos para transformar o mundo, no entanto, somos profissionais que investimos nessa formação diariamente e, como todos, temos contas a pagar e queremos, sim, ser valorizados pelo que fazemos.

Os pais devem ser os primeiros a apoiar os professores, mesmo e principalmente em situações de greve, pois estamos lutando por direitos que são tão óbvios, estamos lutando para termos condições de sermos melhores para seus filhos. Afinal de contas, um professor bem pago não precisa pular de escola em escola e terá mais tempo e condições de ofertar uma educação melhor.

Queridos pais, perguntem sempre na escola de seus filhos quanto ganha um professor. Queiram saber se quem vai trabalhar com seu filho se sente valorizado e respeitado na instituição em que está chegando. Saibam onde estão “pisando”. Onde piso?