Opinião

Sequelas do coronavírus

Ações para reinventar a economia

Por Luca Gonzáles
Publicado em 28 de março de 2020 | 03:00
 
 

Qualquer doença de potencial agressivo deixa sequelas. Entretanto, existem dois tipos básicos de sequela: aquela que deixa limitações permanentes e a que deixa apenas uma cicatriz.

É impossível e demasiadamente imprudente não pensar nos desdobramentos do coronavírus. O que será do mundo após a pandemia que já registra mais de 20 mil mortes e ultrapassa a casa dos 500 mil infectados?

Além do maior e irremediável dano, que é a morte de indivíduos, havemos de ponderar a realidade econômica dos próximos meses. Alguns chegam a comparar o momento com a Grande Depressão de 1929, que afundou os EUA em uma crise econômica severa e sem precedentes.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), é possível que 25 milhões de pessoas em todo o mundo fiquem sem trabalho. O impacto disto na economia é, por certo, evidente: o mundo entrará em um processo de recessão. O PIB mundial, segundo a ONU, sofrerá um impacto de US$ 2 trilhões. Neste barco está o Brasil: outrora com projeção de crescimento de cerca de 2% para 2020, retrocedemos para 0,2%.

O cenário pode mudar, a depender das medidas a serem tomadas. O governo brasileiro e o Congresso Nacional têm se movimentado neste sentido. Ampliação de crédito para micro e pequenos empreendedores, suspensão do pagamento de tributos e FGTS, flexibilização da regras para teletrabalho e aplicação de férias coletivas, antecipação do 13º para aposentados, voucher para informais, MEIs e desempregados. Enfim, as ações já em vigor e as que estão sendo estudadas formam um grande pacote de iniciativas que tenta frear o nível da sequela do coronavírus na economia.

Há, no entanto, um grupo de pessoas diretamente responsável por determinar a profundidade das sequelas – a sociedade. Mudamos o rumo da história a partir do momento em que entendemos que a força e a unidade são os melhores remédios para qualquer doença. O senso de que somos parte da solução é a maior contribuição que podemos dar. Veja o poder das correntes criadas para priorizar a compra com os micro e pequenos empreendedores. O foco da sociedade nesse grupo pode livrar milhares de pessoas do desemprego e da falência. Não é hora de esmorecer, mas de nos agigantar.

O mundo será diferente pós-coronavírus. A sociedade precisará usar a criatividade para reinventar a economia. Somos capazes. O coronavírus em breve será apenas uma cicatriz que nos fará lembrar do quão fortes podemos ser quando caminhamos juntos, enquanto nação.