Mais uma eliminação dura para o vôlei brasileiro. Pela primeira vez, tanto os homens quanto as mulheres ficaram de fora das semifinais da Liga das Nações. O resultado negativo dói, e acende alguns alertas, uns mais emergenciais que outros.
Se com a seleção feminina a sensação que ficou latente foi a de que ‘poderíamos muito mais’, com a masculina é de que temos uma seleção inteira que pede passagem.
Na teoria, a conversa constante é que a seleção passa por um processo de renovação, e por isso é necessário ter muita paciência com jogos de baixo rendimento. Não há nada de errado nisso. Na prática, não parece que a renovação, de fato, acontece. Enquanto alguns atletas surpreenderam nos últimos tempos e mereciam estar em quadra, outros pedem passagem há anos, mas seguem sem receber oportunidades. Nem no jogo mais importante do torneio. O que nos falta? Jogadores com talento ou coragem de colocá-los em quadra?
Não citei nomes e aposto que você, que lê esta coluna agora, conseguiu pensar em ao menos dois. E isso tem muito menos a ver com a qualidade de quem, eventualmente, precisará sair para dar lugar ao novo.
O esporte é fluido e está em mudança constante, isso nunca deveria ser esquecido, e não há nada mais ineficiente do que fazer a mesma coisa, da mesma forma, e esperar resultados diferentes. Sobretudo quando o contexto muda o tempo todo. Essa frase é clichê por um motivo. É preciso adaptar, e rápido.
O Brasil ainda é O Brasil no vôlei. Temos potência, tradição, garra e muita história. Mas a questão principal é que a modalidade, no mundo inteiro, vem evoluindo — e muito! Enquanto outros grupos tiverem mais coragem de tomar as decisões mais difíceis, vão colher resultados (como a Itália, que foi campeã Mundial recentemente), a modalidade vai continuar em evolução e o Brasil vai, eventualmente, precisar correr atrás. Posição que não estamos acostumados a estar.
Perder faz parte. Não deve ser considerado catástrofe, mas também não deve ser banalizado. O ponto-chave é que o último ciclo da seleção masculina — incluindo os Jogos em Tóquio — ainda não entregou o que esperaríamos que poderia entregar, e tampouco mostrou, em quadra, o que vem por aí para o futuro próximo. Tem um grupo aí pedindo passagem e o momento ideal não se espera, se cria.