Editorial

Choque no bolso

Impacto do aumento da conta de luz sobre o consumidor

Por Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2021 | 03:00
 
 

A pior escassez de chuvas em 91 anos é também uma crise financeira para os consumidores brasileiros. A Agência Nacional de Energia Elétrica confirmou que haverá um aumento de cerca de 20% no próximo mês na bandeira mais cara aplicada sobre as contas de luz e estimou em 5% o aumento das tarifas no ano que vem.

Desde 2017, a energia elétrica vem subindo mais do que a inflação. No último mês, a tarifa deu um salto de 5,37%, enquanto o IPCA – que já foi o maior para um mês de maio em 25 anos – avançou 0,83%. Junto com água e saneamento, eletricidade representa até 30% dos gastos de uma família média brasileira, segundo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Com essa disparada, muitos têm que decidir se pagam essa conta ou compram comida. Cerca de 12 milhões de brasileiros não estão sem luz hoje basicamente porque desde março está em vigor a medida que impede o corte de luz por inadimplência daqueles usuários que pagam a tarifa social. Mas isso tem um custo: cerca de R$ 6,68 bilhões desde o início da pandemia, segundo o boletim de monitoramento do Ministério de Minas e Energia de junho. Um prejuízo que também pesa no cálculo da tarifa.

Mas a carga sobre o consumidor não para aí. Sobre a produção industrial, tarifas energéticas representam até 40% de um custo que já está elevado em função dos aumentos de preço de matérias-primas (commodities) e dos juros. Inevitavelmente, isso recairá sobre o preço dos produtos nas prateleiras – logo, haverá mais inflação.

Trata-se de um ciclo daninho e pernicioso que evidencia os resultados de um déficit histórico de investimentos em geração e transmissão que, junto com os impostos, torna a energia brasileira uma das mais caras do mundo, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).