A consciência da gravidade desta nova onda do coronavírus no Brasil desperta a mobilização de vários atores políticos e sociais em defesa da vacinação – principalmente de uma vacinação rápida e eficaz. A Frente Nacional dos Prefeitos contava 1.703 municípios interessados em participar do consórcio para a compra conjunta de imunizantes, e a Confederação Nacional dos Municípios fez um apelo público por uma “concertação nacional” para a aquisição suplementar de imunizantes. E o próprio Ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou o movimento, afirmando que “a vacinação em massa é que vai nos permitir manter a economia em funcionamento.”
Há mais de 40 dias, a média diária de mortes é superior a mil, e representantes do Ministério da Saúde ouvidos pelo jornal “Valor” afirmam que esse número pode chegar a 3.000 neste mês. Os motivos são o relaxamento do isolamento social pela população, as aglomerações no feriado do Carnaval, as novas variantes do vírus, o iminente colapso da rede hospitalar (só seis Estados têm ocupação de UTIs menor do que 80%) e, não menos importante, a falta de vacinas.
Até o momento, as cerca de 8,5 milhões de doses aplicadas mal foram suficientes para imunizar mais de 1% da população. Sem falar que, no fim de fevereiro, a falta do produto atrasou o cronograma – reduzindo em 400 mil pessoas a média de imunizados por semana. E a promessa de novas 35 milhões de doses – quase 8 milhões de unidades a menos do que o previsto há cerca de 15 dias – elevaria esse patamar para, no máximo, 9% da população. 
O momento é de concerto e de mobilizar essa energia de entes públicos e setoriais para multiplicar a compra e a distribuição justa das vacinas. Caso contrário, o preço a ser pago por ignorar esse apelo será cobrado em vidas.