O reajuste da tarifa do metrô de BH aumenta a distância entre o custo e o serviço prestado. A expectativa é que essa relação custo-benefício seja equalizada com a conclusão das obras previstas no contrato de concessão. Por ora, o usuário não vê mudanças substanciais no modal.

A concessionária defende que estações modernizadas, novos trens e o início das obras da Linha 2 são “destaques dos dois anos de gestão”. Neste período, esse é o terceiro aumento da tarifa, o que coloca o metrô da capital entre o mais caro por quilômetro percorrido do Brasil.

O metrô da capital passa por dores comuns a um sistema historicamente negligenciado e que, agora, tem na privatização a saída sustentável.

Deve-se reconhecer que obras dessa magnitude levam tempo e trazem transtornos. Mas é igualmente verdade que os usuários aguardam há tempo demais um metrô de qualidade e, principalmente, o devido respeito que todo cidadão merece.

A modernização da linha 1 e a criação da linha 2, até o Barreiro, trarão inegável impacto positivo à mobilidade de BH. Porém, essa melhoria não pode ocorrer a todo custo, penalizando o cidadão, e sim de maneira justa e equilibrada.

A equação entre tarifa e qualidade precisa ser tratada como prioridade, e não como promessa futura. O papel do poder público, mesmo após a concessão à iniciativa privada, permanece essencial: cabe ao Estado fiscalizar com rigor o cumprimento das metas contratuais, garantindo que os avanços não fiquem apenas no discurso. Transparência no cronograma das obras, clareza nos investimentos realizados e escuta ativa da população são medidas indispensáveis para consolidar a confiança nesse novo modelo de gestão.

Em um cenário de transporte urbano ainda precário, o aumento sucessivo do preço fragiliza ainda mais quem depende exclusivamente do metrô para trabalhar, estudar e acessar serviços básicos. A cidade, já sufocada por engarrafamentos e deficiências no transporte por ônibus, precisa de um metrô eficiente e acessível.