Editorial

Falta inteligência no combate à dengue

A tecnologia e os dados hoje disponíveis permitem, sim, um plano mais eficiente e inteligente de combate à arbovirose no Brasil

Por O Tempo
Publicado em 29 de março de 2024 | 07:10
 
 
fumigation-2772381_1280 (1)jpg Foto: Intervenção sobre imagem/Pixabay

Uma gestante de 22 anos, com sintomas de dengue, e o bebê dela morreram em Goiânia (GO), ontem. Mãe e filho podem ter sido vítimas daquela que é a maior epidemia da doença na história das Américas segundo comunicado feito ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

A entidade máxima em saúde no mundo já alertava sobre os riscos da arbovirose neste ano pelo menos desde o início de 2023. Isso torna inevitável o questionamento sobre o que os países fizeram para reduzir o número de casos e o que pode ser feito para se precaver contra epidemias futuras. 

No Brasil, já foram registradas mais de 2 milhões de prováveis infecções pela doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypt, segundo dados do Ministério da Saúde. O número ultrapassa em 500 mil do que foi registrado no ano passado inteiro. 

Tendo conhecimento do caráter cíclico da doença, caberia ao governo federal ter preparado uma campanha robusta de conscientização e a alocação de recursos para o tratamento ambulatorial da doença.

As mudanças climáticas, potencializadas este ano pelo fenômeno El Niño, também pesaram para a explosão de casos neste ano. Esse é um fator que deve ser considerado daqui para frente, tendo em vista as projeções de frequentes ondas de calor e tempestades ao redor do mundo.

Apesar de ser uma doença já conhecida, as epidemias assumem um perfil específico com as mudanças demográficas e socioeconômicas das cidades, como demonstra artigo publicado neste mês pelo virologista brasileiro William M. de Souza, professor da Universidade do Kentucky, nos Estados Unidos.

O estudo demonstra que a acelerada e desordenada urbanização, ao adensar pessoas em áreas sem saneamento básico, estimula a proliferação do mosquito e sua capacidade de transmitir a doença. 

A tecnologia e os dados hoje disponíveis são capazes, sim, de planejar um plano mais eficiente e inteligente de combate à arbovirose. Resta os gestores colocarem em prática.