Como ameaçou, Nicolás Maduro tomou posse de um segundo mandato na Presidência da Venezuela. Não teve a prestigiá-lo representantes da maioria dos governos do mundo – apenas da China, Rússia, Cuba, Bolívia, Nicarágua, El Salvador e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
A posse foi assegurada pelo Tribunal Supremo Eleitoral e não pelo Parlamento, como seria constitucional, já que a Assembleia Nacional está nas mãos da oposição, que considera ilegal a eleição de Maduro e não reconhece sua investidura na Presidência.
A União Europeia, a OEA e o Grupo de Lima, no qual o Brasil se inclui, reconhecem a Assembleia Nacional como o governo legítimo da Venezuela, que, perante a comunidade internacional, estaria dividida entre dois grupos políticos, ambos antagônicos pelo radicalismo.
Maduro tem 20% de apoio da população, mas seus opositores, muito divididos, também não têm mais do que isso. O aparelho do Estado, incluídas as Forças Armadas, no entanto, está nas mãos de Maduro, que se recusa a dividir o poder com outros segmentos sociais.
A negociação seria o único caminho possível para a redemocratização do país, mas, diante da obstinação de Maduro, não se descortina outra saída a não ser o desgaste sem tréguas do regime, inclusive com o apoio de uma pressão externa para acelerar uma mudança.
Um acerto entre a oposição interna é, no entanto, indispensável, de modo a mobilizar a população – cujos cidadãos mais frágeis estão fugindo do país – e obter credibilidade para forçar uma negociação. Segundo um analista, Maduro é um “kamikaze” e vai lutar até à morte.
Enquanto isso, a economia se esvai, reduzindo-se à metade no período Maduro. A desestruturação do Estado venezuelano é, hoje, a maior demonstração do malogro dos governos de esquerda na América Latina, depois que o mesmo ocorreu com as ditaduras de direita.
A história está mostrando que não há solução fora da experiência democrática.