Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

É uma blasfêmia a doutrina calvinista da predestinação

Publicado em: Seg, 05/06/17 - 03h56

Calvino foi um teólogo protestante suíço que criou a doutrina da predestinação. Segundo ela, Deus criou uma parte da humanidade para ser salva e outra para ser condenada. Ele foi apoiado pelo teólogo belga Gomar, mas muito combatido pelo grande teólogo holandês, James Armínius.

Pode-se dizer que Calvino tem muito da teologia de santo Agostinho, que ensina que a salvação é apenas pela graça, enquanto que Armínius tem muito da teologia de Pelágio contrária à agostiniana.
A Igreja segue mais a teologia pelagiana e, consequentemente, a de Armínius. Já as igrejas protestantes adotaram mais a tese da salvação de graça agostiniana e da predestinação.

Como Deus, infinitamente perfeito, criaria mesmo parte da humanidade para ser condenada? Para que, então, o nosso livre-arbítrio? Essa doutrina é contrária à Bíblia, que ensina que Deus não faz acepção de pessoas (Atos 10: 34). E, se Deus nos ama com amor infinito, todos os seres humanos são amados por Ele no mesmo grau de amor, pois o amor infinito é sem limite, não podendo jamais ser menor para uma parte da humanidade! Daí que a predestinação é inconcebível para o mundo de hoje, que entende bem mais de Deus do que os teólogos medievais! E fazendo uma comparação entre a nossa inteligência humana finita e a divina infinita, se para nós humanos a predestinação é um grave erro, para a inteligência divina ela é insustentável. Como, pois, se atribuir a Deus tal coisa, se Deus é amor? Se ela fosse verdadeira, Deus onisciente e perfeito teria feito uma coisa totalmente incompatível com o que Ele é!

Realmente, se Deus é magnânimo em sua misericórdia e seu amor infinito para com todos os seus filhos, como se atribuir a Ele a criação dessa estranha doutrina, que condena antecipadamente e para sempre uma parte dos seus filhos tão amados por Ele e até antes de eles existirem? Não se confunda a onisciência divina, que lhe permite saber tudo, com a predestinação, que faz de Deus um rei do mal e um grande sádico, quando Ele é o rei do bem, da perfeição e do amor! A nossa inteligência finita, comparada com a infinita de Deus, é muito pequena, mas é bastante grande o suficiente para nós entendermos que não podemos ter a predestinação como sendo uma criação de Deus! É estranho e lamentável que essa doutrina tenha sido aceita por boa parte dos teólogos medievais. E mais estranho e mais lamentável é que teólogos do terceiro milênio ainda a aceitem!

E hoje, o que mais essa doutrina deve fazer é criar pessoas sem religião, quando não ateias! Realmente, ela se caracteriza como a mais absurda doutrina de todos os tempos! É como que a chamada teologia de que Deus está morto, o que dizemos sem nenhum medo de estar errando, pois ela vai de fato de encontro contra tudo o que se pode entender por coisas relacionadas com Deus!

Sem querer ofender os seguidores da predestinação e menos ainda Calvino, lembramos que ele não era um cristão verdadeiro, pois, por ordem dele, Miguel Servet, um de seus opositores, foi condenado à morte na fogueira!

E eis um ensino de são Pedro que desqualifica totalmente a predestinação: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia, mas é longânime para convosco, não querendo que nenhum se perca, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9).

E é por tudo isso que até ousamos dizer, em alto e bom som, que a predestinação é mesmo uma blasfêmia!

PS: “Presença Espírita na Bíblia” por este colunista, na TV Mundo Maior.

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