Jose Reis Chaves

José Reis Chaves é teósofo e biblista e escreve às segundas-feiras

‘Palingenesia’ vem do grego e é sinônima do ciclo reencarnatório

Publicado em: Seg, 11/04/16 - 03h00
Voltamos à palingenesia, porque os numerosos comentários no portal de O TEMPO o exigem. Sua etimologia vem de duas palavras gregas “palin” (“de novo”) e “genesis” (“geração”): de novo em geração; regresso à vida depois da morte, o que deixa claro que se trata de “reencarnação”, mas está traduzida erradamente na Bíblia por “regeneração”, uma consequência das gerações ou reencarnações, mas não a própria regeneração.
 
Para o professor de grego, doutor em Bíblia em Roma, o padre Carlos Torres Pastorino, autor de “Sabedoria do Evangelho” (oito volumes), a tradução de “palingenesia” na Bíblia por “regeneração” (Mateus 19: 28; e Tito 3: 5) é forçada para ocultar o sentido reencarnacionista do contexto. E não conhecemos, no cristianismo moderno, maior conhecedor da Bíblia do que Pastorino! 
 
A reencarnação foi aceita no cristianismo até o Concílio Ecumênico de Constantinopla (553), convocado e dirigido pelo imperador Justiniano e à revelia da vontade do papa Virgílio. 

Há muitas obras sobre a reencarnação na Bíblia de autores espíritas e não espíritas de vários países, entre eles o deste colunista: “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência”, lançado também em inglês, nos Estados Unidos.

Muitos dizem que a palavra reencarnação não está na Bíblia, o que é verdade, pois ela só foi criada em meados do século XIX por um grupo de cientistas europeus, entre eles Kardec, quando já havia 18 séculos que a escrita da Bíblia já tinha sido terminada. Mas ela está, sim, na Bíblia por meio de outras palavras sinônimas dela ou de expressões equivalentes a ela: “nascer ‘de novo’” (“anothen”). Durante 2.000 anos, este advérbio grego de quantidade “anothen” foi traduzido para o português na Bíblia pela locução adverbial “de novo”. Assim se dizia no evangelho de João, capítulo 3, com ênfase nos sermões dos padres e dos pastores: para se chegar ao reino de Deus, temos que “nascer de novo”. Mas porque a crença na reencarnação, ultimamente, cresceu muito entre os cristãos, os teólogos e os tradutores das novas edições bíblicas passaram a traduzir o advérbio grego de quantidade “anothen” pela locução adverbial portuguesa de lugar “do alto”. Mas essa manobra para mudar o sentido reencarnacionista tradicional do texto evangélico “de novo” para “do alto” não colou, pois o espírito que reencarna renasce também “do alto”, ou seja, dos céus ou mundo espiritual!

Quando se diz que uma pessoa fez a passagem para o mundo espiritual ou morreu, esses dois modos de falar têm o mesmo sentido. E assim, quando se diz que “palingenesia é “retorno à vida” (“Dicionário Prático Ilustrado”, de Portugal) e “renascimento sucessivo dos mesmos indivíduos” (dicionário de Aurélio com Schopenhauer), os dois dicionários estão falando de modo diferente a mesma coisa, ou seja, a reencarnação. Só não vê isso quem não quer ver mesmo! 

Mas podemos interpretar também “palingenesia” nas traduções erradas bíblicas (Mateus 19: 28; e Tito 3: 5), como sendo o período das nossas reencarnações. Teologicamente falando, nossa regeneração já foi feita, antecipadamente, pelo projeto de Deus quando da criação do homem. Mas cabe a nós, agora, fazermos também a nossa parte, para o que, exatamente, Deus nos deu a graça de outras vidas, pois essa parte que nos toca fazer não se faz num pescar de olhos, mas durante as longas eternidades das reencarnações!

PS: “Presença Espírita na Bíblia”, com este colunista: www.tvmundomaior.com.br e parabólica digital.

---

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo mineiro, profissional e de qualidade. Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar.

Siga O TEMPO no Facebook, no Twitter e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.