Os cubanos saíram às ruas em protesto em meio ao agravamento da crise econômica do país. Liderada pelo ditador Miguel Díaz-Canel, Cuba viu a economia cair 10,9% em 2020 e 2% até junho de 2021. A crise econômica provocou uma situação de profunda escassez, que obrigou os cubanos a enfrentarem filas de horas por itens básicos durante a pandemia como, por exemplo, alimentos e remédios.
Apesar de o governo ter dado início, recentemente, à campanha de vacinação (baseada em uma vacina de três doses), a chegada da variante delta fez com que os índices de morte e infecção por Covid-19 batessem recorde. A situação se tornou mais dramática, uma vez que o sistema de saúde também não conseguiu conter um surto de outras doenças infecciosas como a sarna.
Atitude típica de líderes autocráticos, o presidente de Cuba tenta em seus discursos isentar a responsabilidade de seu governo e das ineficiências do sistema político econômico comunista. Dessa forma, enquanto manifestantes apontam para a incompetência do sistema de partido único ao estilo soviético como uma das principais razões pelo sofrimento da população, em sua narrativa distópica, o ditador cubano tenta se isentar da responsabilidade escolhendo um discurso propagandista antiamericano.
Em resposta, civis manifestantes cantam nas ruas a música “Patria y Vida”, que faz referência crítica ao slogan revolucionário de Fidel Castro, “Patria ou Morte”.
Entretanto, Miguel Díaz-Canel rebate e responde que os protestos são provocação de mercenários contratados pelos Estados Unidos para desestabilizar o país.
O agravante de toda essa situação é que o governo ditatorial promete uma “resposta revolucionária”, advertindo que as manifestações não serão toleradas. Ao conclamar seus partidários a “confrontar tais provocações”, o ditador nada mais e nada menos opta por incitar uma guerra civil a fim de preservar os seus interesses e evitar a queda de seu governo.
Vale ressaltar as diferenças quanto à periculosidade em manifestar contra um governo democrático e contra um governo ditatorial. Enquanto o direito a manifestações em democracias são preservadas pela constituição do respectivo país, em Cuba, a legitimidade do aparato estatal e a força policial não estão baseados nos limites da lei. A legitimidade do governo cubano se sustenta no medo e na opressão da população e, principalmente, no aparelhamento partidário das forças militares.
Apesar de todas as dificuldades de compreender o que está acontecendo em Cuba, devido ao fluxo impreciso, em que as informações são produzidas em um contexto sem imprensa livre, ainda somos capazes de especular sobre quais são os melhores e os piores regimes políticos. Diante deste aspecto, a democracia não é ideal, mas com certeza a ditadura é a pior forma de organização possível.