MÚSICA

A Flávio Henrique, com carinho

“Flávio Henrique 50 Anos” reúne amigos e admiradores do músico mineiro em tributo com entrad gratuita, no Palácio das Artes

Flávio Henrique: o compositor e instrumentista será homenageado com a interpretação de algumas das composições de sua lavra; os trabalhos serão abertos com a canção “Perdigonzer” | Foto: uarlen valério – 11.2.2016
PUBLICADO EM 14/07/18 - 03h00

Embora a primeira apresentação do grupo Cobra Coral sem o integrante Flávio Henrique tenha se convertido em uma emocionada homenagem ao músico (falecido em 18 de janeiro deste ano, vítima da febre amarela), o tributo oficial – “Flávio Henrique 50 Anos”, com direção artística de Máximo Soalheiro e direção musical de Rafael Martini – a um dos pilares da música mineira acontecerá na próxima sexta-feira (20), no palco nobre do Grande Teatro do Palácio das Artes – e com entrada gratuita. Reunindo uma miríade de amigos e admiradores do saudoso músico, a reverência teve sua data definida com acuidade no calendário: se estivesse vivo, o leonino estaria festejando seu meio século neste dia.

No palco, além dos colegas de Cobra Coral – Mariana Nunes, Kadu Vianna e Pedro Morais –, entram em cena Juliana Perdigão, Lucas Fainblat, Marina Machado, Sérgio Santos e Vitor Santana, amigos e também companheiros de outros projetos. E não só. Ao grupo mineiro, juntam-se as cantoras Mônica Salmaso e Tatiana Parra. E, não bastasse, os instrumentistas André Mehmari, Chico Amaral, Juarez Moreira e Thiago Delegado.

Pedro Morais lembra que o show anterior do Cobra Coral (no caso, dentro do projeto “Sinfônica Pop”, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais) já estava previsto desde o ano passado. “Embora tenha também se tornado uma homenagem, ele foi, na verdade, mantido. A homenagem de agora surgiu de uma vontade de vários amigos, que estavam se mobilizando já há algum tempo”, conta. 

Ao todo, serão 16 músicas e um medley que perpassam vários momentos da lavra criativa daquele que também foi presidente da Rede Minas e da Rádio Inconfidência, e um constante incentivador da música feita entre as montanhas de Minas. “Foi muito interessante fazer esse mergulho mais profundo na obra dele (para a homenagem), conhecê-la ainda melhor. Foi possível reforçar ainda mais a consciência de sua genialidade na harmonia, na melodia”, conta Pedro Morais, acrescentando que o Cobra Coral vai mostrar composições de FH que ainda não tinha se arriscado a cantar, sendo que cada uma será solada por um dos componentes – no seu caso, “Sol a Girar”. 

Foram realizados vários encontros para fazer uma seleção final que pudesse contemplar toda a carreira dele, que, vale lembrar, nos últimos anos estava se dedicando muito às marchinhas, um gênero que traz, ali, algo de um cronista político. “Enfim, será um show bem heterogêneo – e o fato de ser gratuito é maravilhoso, pois vai permitir o acesso a um lugar de referência da cultura, o qual nem todos conseguem ir”, crava. 

Resistência

Mônica Salmaso conta que foi convidada por Rafael Martini, um dos vários expoentes da nova cena mineira com a qual ela dialoga com gosto. “Brinco que não sei o que é que tem neste pão de queijo de vocês! O cara toca piano pra caramba, daí pega uma flauta e também toca pra caramba, daí pega o contrabaixo e toca pra caramba, e daí também canta pra caramba”, elogia, entre risadas.

Quanto a Flávio Henrique, ela conta que conheceu o músico há anos. “O Flávio era um pouquinho mais velho que eu, participei de um disco dele e fiquei muito, muito chocada com a sua partida. Dessas coisas que não têm explicação. Era uma pessoa muito bacana, talentosa e sempre com a melhor das intenções em relação à cultura”, ressalta.

Na verdade, foi justamente pelo reconhecimento ao colega que ela fez questão de vir. “Eu estava no meio de uma confusão, já no dia seguinte tenho que ir a Garanhuns (PE). Mas quis muito. É uma celebração não só da obra do Flávio, mas da resistência da cultura. Uma homenagem a um compositor incrível e à vontade que ele tinha de fazer com que a cultura fosse bem tratada”, diz ela, que vai cantar “Mãe” e “Amor do Céu, Amor do Mar” – essa, uma parceria de FH com Milton Nascimento.

Flávio Henrique 50 Anos 
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Dia 20 (sexta), às 20h30. Gratuito. Retirada de ingressos a partir deste sábado (14), na bilheteria, limitados a quatro por pessoa (numerados).