Artes Cênicas

Magia dos bonecos

Festival Internacional de Bonecos reúne seis atrações internacionais e quatro nacionais

Cena de "Historieta de un Abrazo", da Dromosofista (Itália) | Foto: TIMOTEO GRIGNANI/DIVULGAÇÃO
PUBLICADO EM 28/08/14 - 21h03
Sem hesitar, Lelo Silva e Adriana Focas definem que fazer teatro de bonecos é dar vida ao inanimado, é criar um universo com possibilidades infinitas. É daí que surge a magia.
Parece ensaiado, mas mesmo em conversas separadas os fundadores da companhia mineira Catibrum têm discursos semelhantes quando revelam os motivos que os levaram a se interessar pela arte da dramaturgia bonequeira.
 
É com esta mescla de determinação e empolgação pelo universo dos títeres que a dupla realiza, dos dias 3 (segunda) a 14, a 14ª edição do Festival Internacional de Teatro de Bonecos (FITB). Este ano, o evento reúne seis espetáculos internacionais, quatro nacionais e um Festival de Caixas de Teatro com 12 montagens, num total de 22 atrações voltadas para todas as idades.
 
Diferentemente dos anos anteriores, em que o festival era realizado em vários teatros da capital, este ano ele se concentra no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na praça da Liberdade, o que, para Adriana, facilitará o acesso do público à programação. “A pessoa vai assistir um e acaba ficando para o próximo”, acredita a diretora executiva do festival.
 
Dramaturgia
 
Aliás, por falar em programação, a curadoria privilegiou o que há de mais rico e instigante no mundo do teatro, não só do de bonecos, para construir uma atraente grade. “Estamos interessados na montagem, na coerência, na pesquisa que o grupo faz, mas, acima de tudo, na dramaturgia. Quando as pessoas pensam em teatro de bonecos, elas geralmente pensam que o principal são os bonecos, mas estamos falando em primeiro lugar de teatro, de dramaturgia, da história que será contada e de como será contada. Esse é o ponto principal. Acho que a partir daí que pensamos os outros elementos”, explica Lelo, o diretor artístico do FITB. 
 
É se apresentando e frequentando festivais ao redor do mundo que ele, Adriana e a equipe da Catibrum “descobrem” o que de melhor está se fazendo na área. “Eu pirei com um espetáculo na França, queríamos trazê-lo de todo jeito para o festival, mas o grupo não queria deixar de jeito nenhum. Por causa do cenário, eles falavam que não tinham como sair do país”, conta a diretora executiva, sobre “La Caravane de L’Horreur”, um espetáculo da companhia francesa Bakélite que acontece dentro de um trailer, assistido somente por 17 pessoas por vez. “Vão sair, sim, nem que tenhamos que construir o trailer em Belo Horizonte”.
 
Dito e feito. Quem tiver sangue frio vai poder adentrar no suspense dessa caravana de horrores concebida Olivier Rannou e Alan Floc’h, que será apresentada dos dias 11 a 13, no pátio do CCBB.
Outro destaque da grade internacional do festival fica por conta de “L’Ecole des Ventriloques”, da companhia Point Zéro, da Bélgica. O espetáculo que abre a programação na quarta (3) tem direção de Jean-Michel d’Hoop e texto do cineasta e dramaturgo chileno Alejandro Jodorowsky especialmente concebido para o teatro de bonecos.“É um texto muito forte. Um espetáculo para palco grande”, destaca Lelo, enfatizando o cenário, que também foi todo produzido na Catibrum.
 
Assim como “La Caravane de L’Horreur” e a maioria dos títulos da programação, a peça apresenta um lado da produção teatral bonequeira que vai muito além do velho estigma de que se trata apenas de “arte para crianças".
 
DIVERSÃO PARA TODAS AS IDADES
 
Discutindo questões que concernem a existência de todo ser humano, como a loucura, a família, a velhice, a 14ª edição do Festival Internacional de Teatro de Bonecos, que acontece a partir do dia 3 (quarta), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), oferece um teatro de gente grande.
Aliás, mesmo as peças declaradamente voltadas para o público infantil chamam a atenção também dos adultos. É o caso de “O Som das Cores”, espetáculo da própria Catibrum, que estreou em 2013. Ele conta a história de uma adolescente de 15 anos que perde a visão que, em busca de seus olhos, se aventura por mundos mágicos.
 
Inspirado no livro homônimo do taiwanês Jimmy Liao, “O Som das Cores” tem atraído principalmente adultos em suas últimas apresentações, como observa o produtor Lelo Dias.
Aqui em Belo Horizonte, as apresentações de “O Som das Cores” terá uma novidade: serão disponibilizados fones de ouvido com audiodescrição para as pessoas portadoras de deficiência visual.
 
Estreia
 
A estreia deste ano fica a cargo de outro grupo mineiro, o Pigmalião Escultura que Mexe. A família dos “porcos-humanos” de “O Quadro de uma Família” está de volta, só que maior para a montagem “O Quadro de Todos Juntos”. “O público vai ver retratos de família que são como espelhos. É metafórico. Abordamos a loucura pelo viés da família. É onde nasce tudo. Loucura e família são irmãs. Uma existe em função da outra, uma não existe sem a outra”, observa Eduardo Félix, um dos diretores, ao lado de Igor Godinho. Para Félix, que é apaixonado por seus bonecos, o teatro é o lugar do estranhamento e de homenagens.
 
“Diagnóstico: Hamlet”, do grupo espanhol Pelmanèc, e “Otelo”, dos chilenos do Viaje Inmóvil, compõem a programação que celebra os 450 anos do bardo inglês William Shakespeare (1564-1616), referência absoluta para qualquer trupe que se preze. “Queríamos trazer os dois espetáculo juntos este ano, para deixar essa marca como uma comemoração”, conta Adriana Focas, uma das organizadoras do evento.
 
Programe-se
Espetáculos no Centro Cultural Banco do Brasil (praça da Liberdade). Preço: R$ 10 (inteira)
 
Dia 3 (quarta)
19h "Tropeço", com a Tato Criação Cênica (Paraná)
20h "L´Ecole des Ventriloques", com a Cia. Point Zéro (Bélgica)
 
Dia 4 (quinta)
19h "L´Ecole des Ventriloques", com a Cia. Point Zéro (Bélgica)
 
Dia 5 (sexta)
19h "Tropeço", com a Tato Criação Cênica (Paraná)
20h "Diagnóstico: Hamlet", com a Pelmànec (Espanha)
 
Dia 6 (sábado)
16h "Entre Janelas", com a Tato Criação Cênica (Paraná)
19h "Diagnóstico: Hamlet", com a Pelmànec (Espanha)
"El Cubo Libre", com a Cia. Dromosofista (Itália)
 
Dia 7 (domingo)
16h "Entre Janelas", com a Tato Criação Cênica (Paraná)
19h "El Cubo Libre", com a Cia. Dromosofista (Itália)
"O Som das Cores", com a Cia. Catibrum (MG)
 
Dia 8 (segunda)
15h "O Som das Cores", com a Cia. Catibrum (MG)
 
Dia 10 (quarta)
20h "O Quadro de Todos Juntos", com a Pigmalião Escultura que Mexe (MG)
 
Dia 11 (quinta)
17h, 17h30, 18h, 19h30, 20h e 20h30 "La Caravane de L'Horreur", com a Bakélite (França)
20h "Otelo", com a Viaje Inmóvil (Chile)
 
Dia 12 (sexta)
17h, 17h30, 18h, 19h30, 20h e 20h30 "La Caravane de L'Horreur", com a Bakélite (França)
20h "Otelo", com a Viaje Inmóvil (Chile)
 
Dia 13 (sábado)
17h, 17h30, 18h, 19h30, 20h e 20h30 "La Caravane de L'Horreur", com a Bakélite (França)
18h "Brasil Pequeno Itinerante", com Genifer Gerhardt (Rio Grande do Sul)
19h30 "Historieta de un Abrazo", com Dromosofista (Itália)
 
Dia 14 (domingo)
16h "Historieta de un Abrazo", com Dromosofista (Itália)
18h "Brasil Pequeno Itinerante", com Genifer Gerhardt (Rio Grande do Sul)