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Cena do filme "Branco Sai, Preto Fica", de Adirley Queirós. O longa abre o festival na quinta (20), às 19h, no Cine Humberto Mauro | Foto: divulgação
PUBLICADO EM 15/11/14 - 03h00

Exibir filmes produzidos em lugares diferentes e por grupos sociais diferentes, promovendo acesso à diversidade cultural e a reflexão sobre o cinema e sobre o mundo. Foi especialmente com essa intenção que o forumdoc.BH – Festival do Filme Documentário e Etnográfico – surgiu, em 1997. Dando continuidade à proposta, o festival abre sua 18º edição na próxima quinta (20), com programação que vai até o dia 30 e espalhada por três espaços da cidade: Cine Humberto Mauro, Cine 104 e Campus UFMG.


"Antes era muito difícil acessar uma produção diferenciada, não convencional. Agora, aumentaram as possibilidades, mas são tantas que as pessoas ficam perdidas. A gente pensa o festival como algo que organiza propostas”, explica Júnia Torres, uma das coordenadoras do forumdoc.BH e integrante da Associação Filmes de Quintal, que realiza o Festival em parceria com a UFMG. E a organização acontece através de uma curadoria cuidadosa que apresenta mais de 60 filmes distribuídos em sete mostras, entre elas a “Competitiva Nacional”, a “Competitiva Internacional” e “Avi Mograbi” (confira destaques da programação no final da matéria).


O cineasta e professor Mograbi também será tema de uma mesa de debate e ministrará um curso, que tem inscrições abertas até dia 18. “É um cineasta politicamente situado. Seus filmes tematizam as relações entre Israel e Palestina sob o ponto de vista de um israelense que critica e se coloca contra o segregacionismo em relação à palestina”, conta Júlia. Acompanhando os filmes, o festival conta ainda com o lançamento da nova edição da revista “Devires – Cinema e Humanidades”, publicada conjuntamente pelos programas de pós-graduação em Comunicação e Antropologia da Fafich–UFMG.


A programação traz filmes que aliam diversidade e competência. “Vários segmentos que até pouco tempo não se expressavam através dos recursos audiovisuais hoje se apropriam do cinema. E eles estão no festival não porque simplesmente privilegiamos a diversidade, mas também porque apresentam uma competência formal”, conta Júnia. Entre eles, estão filmes produzidos por jovens de coletivos de periferia, como a abertura do festival “Branco Sai, Preto Fica”, do coletivo CeiCine, e filmes de realizadores indígenas, como “Curadores da Terra-Floresta”.


forumdoc.BH
Em vários espaços da cidade. De 20 (quinta) a 30 de novembro. Entrada franca, com retirada de ingressos antes das sessões. Confira programação completa no site forumdoc.org.br.


Alguns Destaques do forumdoc.BH, por Júnia Torres

“Branco Sai, Preto Fica”, de Adirley Queirós. “Ganhou prêmio de melhor ator e de melhor longa no Festival de Brasília deste ano. Contará com a presença do diretor”.

“Cavalo Dinheiro”, de Pedro Costa. “Ganhou Festival de Locarno e é uma influência para inúmeros realizadores. Único filme que vai ser exibido duas vezes”.

“At Berkeley”, de Frederick Wiseman. “Etnografia profunda das instituições ocidentais. Um cinema com capacidade de análise muito fina da nossa realidade”.

“A Vizinhança do Tigre”, de Affonso Uchoa. “Revela uma situação de pobreza, mas, ao mesmo tempo, pela própria performance dos atores, uma grande capacidade de inventar”.

“Brasil S/A”, de Marcelo Pedroso. “Traz uma visão crítica do desenvolvimentismo do Brasil. E faz isso a partir de propostas de inovação formal do documentário”.

“Curadores da Terra-Floresta", de Morzaniel Iramari. “Junto com ‘Karioka’ e ‘Os Verdadeiros Líderes’ é um exemplar do cinema indígena de qualidade”.