CINEMA

Para além de La La Land; veja as apostas dos críticos de cinema

A festa de gala das premiações do Oscar acontece neste domingo, confira as apostas dos críticos de cinema nas categorias mais comentadas

PUBLICADO EM 25/02/17 - 03h00

Não tem para ninguém. Indicado a 14 categorias, igualando o recorde de “A Malvada” (1950) e “Titanic” (1997), “La La Land” é o queridinho do momento e praticamente todos os críticos de cinema não ousam não incluir o filme entre suas apostas mais certeiras para a cerimônia deste domingo (26). Dirigido por Damien Chazelle, o musical, que traz uma história de amor atravessada por muito jazz e pela vontade de alcançar sonhos, parece ter mexido com memórias afetivas de Hollywood. Está tudo lá: a autorreferência à indústria do cinema, as citações a clássicos musicais do passado…

Mas nem só de Emma Stone e Ryan Gosling cantando “City of Stars” vive a premiação deste ano. Mesmo reconhecendo o favoritismo do musical, amantes do cinema chamam a atenção para a diversidade de gêneros e propostas que concorrem.

O drama de “Manchester À Beira-Mar” e de “Moonlight”, a ficção científica de “A Chegada” e o faroeste de “A Qualquer Custo” são alguns dos destaques dentro do Oscar 2017, que também se realça pela maior diversidade racial que apresenta em relação ao ano passado. Depois do movimento #OscarsSoWhite, que denunciava a quase ausência de profissionais negros indicados, dessa vez, estão na disputa os atores Mahershala Ali e Naomie Harris (ambos de “Moonlight”) e Viola Davis e Denzel Washington (“Um Limite Entre Nós”), entre outros. São 20 profissionais negros no total, marca que supera as dez indicações de 1985 e a primeira com negros indicados em todas as categorias de atuação. Confira curiosidades e as apostas de críticos.

Renato Silveira, do Cinematório

Melhor filme. Acho que ganha o “La La Land”. O filme é a sensação da temporada e com merecimentos. É um filme que eu gosto muito, mas queria que ganhasse o “A Qualquer Custo”. É um filme relevante pela crítica que ele faz à economia, ao retrocesso que a gente vive hoje em dia. Usar um faroeste para falar disso é bem interessante.

Melhor direção. Acredito que o Damien Chazelle deve ganhar por “La La Land”. Ele já ganhou o prêmio do sindicato e isso é um importante indicativo. Mas gostaria que Barry Jenkins, de “Moonlight”, levasse a estatueta, tornando-se o primeiro negro a ganhar na categoria. Acho que é um erro histórico que precisa ser corrigido.

Melhor atriz. Emma Stone (“La La Land”) deve levar, é a queridinha do momento, vai na mesma linha da Jennifer Lawrence. É jovem, divertida, algo que a academia costuma premiar. Mas Isabelle Huppert merecia muito por sua atuação em “Elle”.

Melhor ator. Casey Affleck deve ganhar por “Manchester À Beira-Mar”, é uma das atuações mais elogiados da temporada e eu concordo. Queria muito que ele ganhasse. Há um trabalho de transmissão da introspecção muito bem feito.
Larissa Padron, do Fora do Padron

Melhor filme. É 90% de chance de “La La Land” ganhar. Já venceu nas premiações que são termômetros ao Oscar, mas eu gostaria que a estatueta fosse de “A Chegada”. É um filme mais ousado, daria uma resposta interessante a Hollywood. Ele é muito bem realizado, discute questões filosóficas importantes e ficção científica quase nunca ganha na categoria.

Melhor direção. Damien Chazelle fez um trabalho sensacional em “La La Land”, especialmente em cenas musicais mais elaboradas, como aquela de “Another Day Of Sun”. Não seria injusto se ganhasse, como deve acontecer, mas Denis Villeneuve, de “A Chegada”, merecia também, pelo controle e a habilidade que tem para criar a atmosfera de tensão no filme.

Melhor atriz. Provavelmente será Emma Stone (“La La Land”), mas dentre as cinco indicadas, ela é a que menos merecia o prêmio, na minha opinião. Ruth Negga, por exemplo, de “Loving”, tem um trabalho de atuação mais forte. Passa tudo o que precisa dizer através de um único olhar.

Melhor ator. Denzel Washington deve levar, é um cara simpático, a Academia gosta dele, mas Casey Affleck (“Manchester À Beira-Bar”) é meu preferido. É incrível, ele consegue transmitir tanto com tão pouco diálogo.

Chico Fireman, do Filmes do Chico

Melhor filme “La La Land” está levando praticamente todos os prêmios de crítica e de sindicato, então, é um grande indicador. É uma homenagem ao cinema, e disso a academia gosta muito. O meu preferido, no entanto, é “Manchester À Beira-Mar”. É um drama muito sólido, imensamente triste, mas sem isso de transformar o protagonista num coitado.

Melhor direção Pelos mesmos motivos apontados acima, acredito que o Damien Chazelle vai ganhar a direção por conta de “La La Land”, e tecnicamente, ele é muito bom. Mas continuo torcendo pelo diretor de “Manchester À Beira-Mar”, Kenneth Lonergan. A direção de atores é muito boa e muito complexa.

Melhor atriz A academia adora premiar atrizes que estão começando, então, não seria estranho se Emma Stone ganhasse por “La La Land”. Isabelle Huppert, de “Elle”, por outro lado, é minha favorita, e ela está fazendo uma campanha ferrenha, aparecendo muito, dando muita entrevista, o que conta.

Melhor ator Denzel Washington, por “Um Limite Entre Nós”, é um forte candidato. Mas votaria em Casey Affleck por “Manchester À Beira-Mar”

Curiosidades da premiação em 2017

Jovem

Se vencer na categoria “Melhor Direção”, Damien Chazelle (“La La Land”) pode derrubar um recorde de 1932 como o mais jovem cineasta a ganhar o Oscar. Norman Taurog recebeu a estatueta, naquele ano, aos 32 anos e 260 dias. Chazelle terá 32 anos e 37 dias no momento da cerimônia.

Pouco premiado

Embora muito celebrados, os musicais levaram poucas estatuetas de melhor filme na história da premiação. Em 88 Oscar, somente 10 foram para musicais.

Streaming

Indicado em seis categorias do Oscar, “Manchester à Beira-Mar” se tornou o primeiro filme produzido por um serviço de streaming, a Amazon, a concorrer à categoria de melhor filme. A Amazon acumula sete indicações na premiação.

Diversidade

Bradford Young conquistou a primeira indicação de um negro na categoria de melhor fotografia por “A Chegada” e Joi McMillon é a primeira mulher negra a ser indicada em melhor edição por “Moonlight”.

Imbatível

Com a indicação na categoria melhor atriz por “Florence: Quem é essa mulher?”, Meryl Streep chegou a 20 indicações e bateu o recorde que pertencia a ela mesma.