Artes Cênicas

Provocações 

Espetáculo é o primeira trabalho solo de Leonardo Fernandes | Foto: Eliatrice Michele/Divulgação
PUBLICADO EM 28/03/15 - 03h00

Quais são as fronteiras que separam os homens dos animais? Este é uma dos questionamentos provocados pela peça “Cachorro Enterrado Vivo”, que estreia na próxima sexta (3), no João Ceschiatti. “O espetáculo é sobre uma mulher que desapareceu. Então, seu cachorro sente falta dela, e seu marido, também. Isso desencadeia em um caos que sai do controle”, descreve o ator Leonardo Fernandes, que está sozinho em cena.

Tendo como ponto de partida o momento em que um homem propõe ao vigia de um terreno que este enterre seu cachorro em troca de dinheiro – e a posterior surpresa ao constatar que o animal é entregue vivo –, o enredo acompanha o desenrolar da história através de três pontos de vista: o do cachorro, o do vigia e o do homem dono do cachorro.
 
Humanidade
Com estrutura de monólogo, formato que já interessava Leonardo há certo tempo, “Cachorro Enterrado Vivo” coloca o ator em cena interpretando os três personagens, um após o outro. “O monólogo é um lugar rico para o ator. Então, queria um texto que me tocasse e com muita sinceridade. Falar da humanidade de um animal, de como ele tem sentimentos humanos, fez muito sentido para mim. Queria que as pessoas ouvissem um animal contando o que acha das pessoas”, conta. 
 
O texto, inédito, é de Daniela Pereira de Carvalho, dramaturga carioca de obras como “Renato Russo – O Musical” e “Nem Um Dia Se Passa Sem Notícias Suas”, e a direção é de Marcelo Fonseca, que inclusive foi o primeiro professor de Leonardo, em 2003.
 
“A peça, que tem um nome que a princípio assusta, escancara os limites da crueldade humana. Mas o interessante é que ela é mais que o título. Quando você assiste, o nome perde a força, no bom sentido. No fundo, é uma história de amor”, diz Leonardo. 
 
O ator acabou de gravar uma participação na próxima temporada do seriado global “Tapas e Beijos”, mas sente que é no teatro que mais se encontra. Foi tanto seu engajamento com “Cachorro Enterrado Vivo” que ele topou financiá-la. “É uma grande dificuldade produzir teatro e essa produção é totalmente independente. Eu brinco que eu nunca comprei um carro, mas eu tenho essa peça”, conta.
 
Cachorro Enterrado Vivo
Dir. Marcelo Fonseca.
Com Leonardo Fernandes
Teatro João Ceschiatti (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7440). Estreia dia 3 (sexta). Sextas e sábados, às 21h; e domingos, às 19h. R$ 20 (inteira). Até 19/4.