Música

Rolê da Márcia 

PUBLICADO EM 23/07/16 - 03h00

 

Para Márcia Castro, a música “Mistério do Planeta” é quase como uma oração. “A letra fala sobre um jeito de estar no mundo que é o que eu acredito. ‘Vou mostrando como sou, e vou sendo como posso…’. Isso é lindo e eu me identifico. Ela expressa o lugar onde quero chegar como pessoa, um lugar de fé e força que eu almejo. Daí a ideia de ‘oração’”, diz a cantora baiana, sobre a composição de Luiz Galvão e Moraes Moreira, presente no álbum “Acabou Chorare”, lançado pelos Novos Baianos em 1972.
Não à toa, ela foi uma das escolhidas por Márcia para compor o repertório de “Dê um Rolê”, show dedicado aos Novos Baianos que ela divide com Anelis Assumpção e Curumin e que chega ao Sesc Pallladium, na terça (26), dentro do projeto “Mesa Brasil Musical”.
Além de “Mistério do Planeta”, “A Menina Dança” e a música que dá título ao show, a baiana também aponta a lado B “29 Beijos” entre as suas preferidas do set list. “As escolhas foram todas afetivas. Sentamos e cada um foi apontando as músicas que queriam apresentar”, explica Márcia, lembrando que “Preta Pretinha” e “Besta É Tu” não podiam ficar de fora. “Demos o nome de ‘Dê um Rolê’ porque essa música para mim é essencial nesse tempo agora, de tanta manifestação de ódio. Ela me representa porque sou isso, amor da cabeça aos pés”.
A ideia de dedicar um show inteiro ao famoso grupo baiano surgiu nas vésperas da Copa do Mundo de 2014, quando Márcia foi convocada para montar na cidade de Salvador (BA) um espetáculo que enfatizasse a relação entre futebol e cultura. O nome Novos Baianos veio à sua mente na hora e, à época, a também baiana Karina Bhur esteve entre os convidados.
Nesse meio tempo, Ava Rocha e outros artistas compuseram o “elenco”, mantendo a proposta de sempre: fazer um tributo à brasilidade tão marcante no som dos baianos. 
“Todo mundo que já fez parte de ‘Dê um Rolê’ foi influenciado, de alguma forma, pelos Novos Baianos. A música deles é uma música de liberdade, por isso é tão atemporal”, elogia a cantora, que teve os primeiros contatos com a banda setentista ainda na infância, por influência dos pais. A epifania, no entanto, aconteceu na adolescência, quando passou a ouvir mais detidamente a obra dos conterrâneos. “Percebi que era aquilo era minha verdade e o que queria fazer da vida”, lembra.
 
Novo CD
Aos 37 anos, Márcia se considera satisfeita pelo caminho que trilhou até aqui, mas não pensa em deixar de se reinventar. Com três discos na bagagem, “Pecadinho” (2007), “Dé Pés no Chão” (2012) e “Das Coisas Que Surgem” (2014), a cantora planeja lançar neste segundo semestre um trabalho de inéditas com cara mais eletrônica.
“Por muito tempo, a música baiana ficou saturada pelo axé. Agora tem tanta gente fazendo algo diferente, misturando o popular com o eletrônico. Isso tem me fascinado. O novo disco será mais pulsante”, garante Márcia, que cita o grupo Baiano System, que promove essa fusão, como um dos seus preferidos.
 
Dê um Rolê
Sesc Palladium (r. Rio de Janeiro, 1.046, centro, 3270-8100). Terça (26), às 21h. Entrada: 1kg de alimento não perecível. Troca de ingresso entre os dias 17 e 22 no site sympla.com.br/sescmesabrasilmusical.