ARTES VISUAIS

Mostra inédita de Volpi em BH 

Exposição dedicada ao artista modernista Alfredo Volpi apresenta sua trajetória na pintura, a partir de 3 de dezembro no Museu Inimá de Paula

Exposição revela trajetória do artista ítalo-brasileiro Alfredo Volpi, partindo do expressionismo até o abstrato puro | Foto: Museu Inimá de Paula/Divulgação
PUBLICADO EM 03/12/16 - 02h00

 

Uma das figuras mais influentes das artes plásticas no Brasil no século XX. Um dos mais importantes nomes da segunda geração do modernismo. É inevitável: falar sobre o ítalo-brasileiro Alfredo Volpi (1896-1988) implica em apelar a hipérboles. 
 
A partir deste sábado (3), os trabalhos e as transições de linguagens do artista estarão pela primeira vez em uma mostra individual em Belo Horizonte, no Inimá de Paula.
 
“Desde que uma das telas de Volpi estiveram no museu, na exposição ‘Do Moderno ao Contemporâneo’, em 2013, passamos a estudar uma forma de realizar uma mostra que abordasse a trajetória dele”, explica Gabriella Navarro, coordenadora Cultural e Educativa do equipamento.
 
Gabriella justifica a escolha do artista e traça um paralelo com o mineiro que batiza a instituição. Para começar, “ambos eram autodidatas”. Inimá de Paula começou retocando fotografias. Na adolescência, passou a desenhar e em 1940 mudou-se para o Rio de Janeiro. Volpi, por sua vez, veio da Itália com apenas 2 anos, tendo São Paulo como destino. A princípio, pintava murais decorativos. Ambos tiveram uma fase mais acadêmica e trilharam seus caminhos até desenvolver traços mais autorais.
 
Em junho, uma individual dedicada ao artista foi aberta em Londres (na galeria Cecilia Brunson Projects). Mas se na capital inglesa eram 12 telas, aqui serão 33 – algumas pertencem a colecionadores e serão exibidas pela primeira vez em um museu. 
 
“A gente buscou mostrar a trajetória completa, do olhar do artista para as fachadas, decorações, passando pelas pinturas com traço expressionista, até chegar no abstrato puro”, diz Gabriella. Para ela, “conseguir reunir mais de 30 obras é um feito”, já que é muito difícil que um colecionador empreste essas peças, até pelo seu valor de mercado.
 
Singularidades
 
Fruto de seu amadurecimento artístico, Volpi rejeitava as tintas industriais, recorrendo a um processo antes visto apenas no período Renascentista (1300- 1600). “Ele acreditava que a automatização da arte não representava o seu trabalho. Na sua obra, havia a busca pela naturalidade”, analisa Gabriella. Para isso, Volpi desenvolvia suas próprias tintas, produzidas artesanalmente a base de têmperas dissolvidas na clara de ovo, adicionando cravo da Índia para anular o cheiro forte. Também esticava o linho e montava a tela. “Por isso, a maioria dos quadros não tem moldura”, pontua.
 
A exposição marca a segunda parceria do museu mineiro com a Galeria de Arte Almeida e Dale (SP). Foi do intercâmbio entre as instituições que vieram as peças do colombiano Fernando Botero, que atraíram um público recorde (mais de 40 mil pessoas, de agosto a novembro) ao Inimá de Paula – formado, em boa parte, por estudantes em visitas programadas.
 
Aliás, atentos ao público estudantil, a organização criou um calendário especial. “No período de férias, poucos museus têm atividades para estudantes. Então, tivemos o cuidado de ter uma programação que vai até fevereiro”, avisa Gabriella. Ela informa que gincanas e outras atividades serão divulgadas pelo site da instituição e pelo Facebook.
 
 
 
Exposição Alfredo Volpi
Museu Inimá de Paula (r. da Bahia, 1201, Centro, 3213-4320). A partir de 3 de dezembro. Ter., qua., sex. e sab, das 10h às 18h30. Qui., das 12h às 20h30. Dom., das 10h às 16h30. Entrada franca.
 
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) Especial para o Pampulha