MÚSICA

Péricles assume o romantismo  

O sambista Péricles apresenta seu mais recente trabalho "Deserto da Ilusão", trabalho diáloga com os estilos da sofrência e tem participação de nomes como Wesley Safadão e Marília Mendonça

Péricles traz para BH a turnê de “Deserto da Ilusão” | Foto:
PUBLICADO EM 16/09/17 - 03h00

Se hoje o sertanejo vive o seu melhor momento midiático, o sambista Péricles, 48, sabe disso muito bem. Para o seu mais recente trabalho, batizado de “Deserto da Ilusão” (FVA Music, 2017), o cantor convocou um time de artistas mais conectados ao universo desse estilo musical, como Marcos e Belutti, Jorge e Mateus, Marília Mendonça e Wesley Safadão. A escolha das parcerias também pode ter influenciado na formação de boa parte do repertório do álbum, com ares de “sofrência”. As músicas poderão ser ouvidas no show que ocorre no próximo sábado (23), no Km de Vantagens Hall BH.

 
Em turnê desde o início do ano, o ex-vocalista do Exaltassamba conta que sempre teve uma boa relação com os artistas do sertanejo, desde as parcerias com cantores da “antiga geração” como Milionário e José Rico e Chitãozinho e Xororó. “Unir o sertanejo com o samba me trouxe uma alegria imensa. Gente que gosta de música tem que se relacionar com quem gosta de música, sem rótulos”, defende o sambista que lançou, no fim do mês passado, a faixa “Vai Por Mim”, em parceria com a cantora Marília Mendonça, expoente do gênero.
 
A canção fala sobre os sentimentos de um casal que se separou para repensar o amor e a relação antes da reconciliação – situação bem típica do repertório da cantora, aliás. “A Marília é uma grande cantora, supertalentosa e a nossa música, particularmente, ficou linda. É mais uma canção para a gente falar de amor e, inclusive, estou muito feliz com a aceitação dessa canção entre o público”, diz. 
 
“Deserto da Ilusão” é o quarto disco da carreira solo de Péricles e registra o maior número de parcerias musicais de toda sua carreira – são oito participações para as 12 faixas inéditas. “Todos os gêneros têm se renovado e trazido, cada vez mais, pessoas competentes e criativas, e isso tem atingido as pessoas. Acredito que a missão da música está se cumprindo. São artistas incríveis, todos com sua trajetória já consagrada e vieram cantar samba no meu CD”, festeja o músico, que mantém o estilo como a sua base. “Não tem como me afastar dele, está na minha alma”, diz.
 
Obra-prima
 
No meio de tantos convidados, um merece particular destaque: Djavan foi convocado para dividir a faixa-título, que, para Péricles, foi uma obra-prima e a realização de um sonho. “A música foi uma forma de agradecer a ele e a todos os músicos que vieram antes de mim, que abriram portas, quebraram barreiras e batalharam muito para que eu pudesse ter um espaço. Foi muito melhor do que qualquer prêmio que pudesse ganhar”, elogia.
 
Além das parcerias, por assim dizer, inusitadas, o disco, para o sambista, apresenta também conexões mais fortes com o amor. “Esse trabalho me fez ficar com a bandeira do cantor romântico. As pessoas me veem dessa forma, já venho flertando com isso há um tempo e, dessa vez, acho que consegui acertar. O amor sempre está presente na minha vida, na minha maneira de ser, de ver o mundo e no meu trabalho como um todo”, diz ele, que se casou recentemente com uma amiga de infância, com quem mantém um relacionamento amoroso há cinco anos.
 
Após a turnê, Péricles vai se preparar para emprestar sua voz a novos experimentos: ser o puxador de samba da Mangueira, ao lado de Ciganerey, no Carnaval de 2018. “É uma experiência muito diferente de um show, mas acredito que a energia boa da avenida é que vai direcionar tudo”, comenta ele.
 
Antes disso, em Belo Horizonte, Péricles promete mesclar as novas canções com os sucessos da carreira. “O público mineiro tem um espaço enorme no meu coração, porque sempre me acolheu muito bem”, finaliza.
 
 
Péricles
Km de Vantagens Hall BH (av. Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro. 3209-8989). Dia 23 (sábado), às 22h. A partir de R$ 90, arquibancada 1º lote