ARTES CÊNICAS

Valor e poder em perspectiva 

PUBLICADO EM 12/08/17 - 03h00

 

Os conceitos “valor” e “poder” foram o ponto de partida para “Antes do Fim”, nova empreitada da atriz, diretora e dramaturga Rita Clemente, que, na verdade, integra um projeto maior – “Bala Perdida”, que já originou as peças “19:45”, dirigida pela artista e encenada pela míuda cia; e “Ricochete”, escrito e dirigido por Rita, que também integra o elenco.
 
Um diferencial é que, em “Antes do Fim”, a mesma história será contada em várias versões e com protagonismo diferente do elenco a cada noite. Assim, o espectador poderá conferir “Selvagem, O Fogo” às sextas; “Cruzadas”, aos sábados; “Diáspora”, aos domingos, e “Antes do Fim”, às segundas-feiras. “A história é praticamente a mesma, mas ela se divide em três versões (apresentadas às sextas, sábados e domingos), por isso, os títulos distintos. No fundo, todas estão discutindo basicamente valor e poder, mas cada uma tem sua especificidade, ligada ao conflito de cada personagem. Já a da segunda-feira, um motoboy (na verdade, um entregador de sanduíches) busca um ato heroico de uma forma que nos ajuda a fazer um resumo geral”.
Mas tem mais. A temporada de “Antes do Fim” (que ocupa uma das salas do CCBB BH) prevê, ainda, uma instalação artística (que contempla uma performance e uma exposição), batizada de “Antes do Fim: Missa”. 
 
No caso da peça, Rita esclarece que manteve, em todas as versões, um personagem pivô, “uma violoncelista, que não está presente na peça como figura, ou seja, um ator interpretando-a”. Mas, na verdade, é ela a movimentar toda a estrutura dramática. “A ausência dela nos conduz a cada uma das histórias neste projeto”, explica a artista. O revezamento entra em cena também com o intento de discutir a ideia do protagonismo, “uma vez que a gente dá, a cada um dos atores, essa dimensão”.
 
A música, por seu turno, entra como fio condutor, já que, em cena, há um quarteto de cordas que vai realizar sua última récita. Em cena, as vidas de Cesar, Rosa Levy, Lucas, Marcos e Laura se entrelaçam. “Na música, a ideia de valor e de poder tem uma fricção muito presente, em tudo, tanto na estética quanto na forma de trabalho. Na música clássica e em suas configurações, por exemplo, ela apresenta elementos como hierarquia, importância dos instrumentos e dos instrumentistas, as ideias de performances valiosas ou não... Há uma espécie de quantificação do valor que torna a discussão mais presente”, diz.
 
Em cena, estão os atores Odilon Esteves (como Cesar, o primeiro violinista), Márcio Monteiro (Lucas, um motoboy), Fafá Rennó (Rosa Levy, violista) e Ramon Coelho (Marcos, o segundo violinista). A personagem Laura é a violoncelista que, como já fixado, não aparece na peça, mas ganha a interpretação da própria Rita Clemente na instalação “A Missa”, quando é flagrada logo após ter o filho vitimado por uma inesperada situação trágica, gerada pelo acaso. Diante do desespero, ela se perde pelas ruas da cidade, a caminho do tal último concerto.
 
"Antes do Fim"
<MC><CW-14>CCBB BH (Praça da Liberdade, 450). Abertura dia 18 (sexta-feira). De sexta a segunda, sempre às 19h. Até 25/9. R$ 20 (inteira)</CW>.<EM><QA0>
<EM><QA0>
[PE_SHOW]<MC>“Missa”
<MC>Instalação artística. Galeria térreo do CCBB. Abertura dia 18 (sexta). Até 4/9 (depois, no Foyer do Teatro II). De quarta a segunda, das 9h às 21h. Gratuito
<CF686><EM><QA0>
Performances
</CF>Todos os sábados e nas segundas-feiras dias 28/8 e 4/9: “Adoração”, às 15h; “Devoção”, às 17h, e “Oferta”, às 18h30. 13 minutos (cada).Gratuito