BRUNO MIRANDA

Câmara de BH: pré-campanha de Duda pode provocar troca de líder de governo

Interlocutores entendem que não há mais clima para o vereador Bruno Miranda continuar como líder por sua proximidade com a deputada federal do PDT

Por Gabriel Ronan
Publicado em 24 de abril de 2024 | 17:00
 
 
Bruno Miranda (PDT), vereador de BH Foto: Reprodução/ Canal O Tempo

A Prefeitura de BH pode ter, em breve, um(a) novo(a) líder de governo na Câmara Municipal. De acordo com o que apurou o Aparte com interlocutores da Casa, os ataques da deputada federal Duda Salabert (PDT) ao prefeito Fuad Noman (PSD) deixaram o vereador Bruno Miranda (PDT) em uma posição complicada para continuar como líder. Procurado, o parlamentar disse que, por ora, continuará no posto, mas tudo pode mudar com o início da campanha eleitoral, marcado para 16 de agosto. 

O conflito de interesses é o que pode motivar a troca do líder de governo. Apesar de fontes garantirem que Bruno Miranda tem representado bem os interesses da base, há o entendimento de que sua proximidade com Duda Salabert, pré-candidata à cadeira hoje ocupada por Fuad, pode comprometer as articulações. 

Ao mesmo tempo, não há pressa por uma definição. Até porque, por se tratar de um ano eleitoral, a Câmara de BH tem tido um expediente mais vazio. Para que os vereadores dediquem tempo às suas pré-campanhas, o presidente da Casa, vereador Gabriel Azevedo (MDB), tem concentrado a votação de projetos em, no máximo, três reuniões ordinárias. Assim, os parlamentares têm a pauta realmente cheia no Legislativo por dois ou três dias. 

Até mesmo por esse cenário, não há conversas concretas para definir um eventual substituto de Bruno Miranda. Uma das possibilidades seria a do vice-líder Wagner Ferreira (PV), mas, por estar federado com o PT, ele também pode enfrentar um conflito de interesses por conta da pré-campanha do deputado federal Rogério Correia (PT-MG), outro provável concorrente de Fuad. 

Outra alternativa seria a indicação do vereador Álvaro Damião (União Brasil). Ventilado como possível vice na chapa de Fuad para outubro, Damião tem exercido papel de mediador na Câmara. Foi ele quem arquitetou um encontro do grupo de oposição, liderado por Gabriel Azevedo, com o atual prefeito em março. O jornalista também foi procurado para exercer o cargo em 2022, antes da indicação de Bruno Miranda.

Em contato com a reportagem, Bruno Miranda deu sua versão sobre o atual momento. “Eu deixei muito claro para o Fuad: se a minha presença na liderança trazer algum desconforto, algum incômodo, que a indicação era dele. A gente compreende o processo. Ele me disse que naquele momento precisava do meu apoio. Para que eu ficasse tranquilo. Mas, obviamente que com a campanha iniciando, as situações se consolidando, eu vou ter uma nova conversa com ele”, afirmou. 

O líder de governo trabalha como um elo entre o Poder Legislativo e o prefeito. Na prática, ele exerce o papel de porta-voz, escutando demandas de lado a lado. O líder não tem aumento na remuneração mensal nem pode contratar mais assessores para o seu gabinete. Porém, tem voz no Colégio de Líderes, grupo que organiza a pauta da Câmara, e pode usar o tempo de tribuna da Casa para falar do assunto de sua preferência, sempre antes de reuniões em plenário. Além, é claro, da visibilidade política adquirida pela posição de destaque.