Fuad se encontra com vereadores da base e justifica reunião com oposição

Após o anúncio do encontro do prefeito Fuad Noman (PSD) com o grupo de 14 vereadores ligados ao presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), o chefe do Executivo municipal se reuniu ontem com a base de 21 vereadores na Prefeitura de Belo Horizonte e amenizou a reunião com a oposição, prevista para acontecer nesta quinta-feira (21). 

Durante o encontro com os vereadores da base, que durou cerca de uma hora, Fuad teria dito que pretende estabelecer um diálogo institucional com o grupo, mas ressaltou que a oposição continuará a ser tratada como tal. O prefeito admitiu, porém, que o Executivo, a partir de agora, poderá negociar com o grupo alguns temas devido a "questões políticas". Até então, os parlamentares ligados a Gabriel não eram sequer recebidos na prefeitura.

Fuad teria, no entanto, tranquilizado os vereadores da base e reforçado a importância deles, além de ter escutado as demandas e as reclamações. O que chamou a atenção dos presentes, porém, foi a reclamação enfática e "indignada" de Miltinho CGE (PDT), que teria dito “ter desistido” de ter suas demandas atendidas. Para alguns vereadores, a fala do vereador pode fazer parte de uma estratégia para mudar de grupo e se unir ao presidente da Câmara. No último mês, os advogados de Miltinho disseram não ter razões para seguir com o processo de cassação apresentado por ele contra Gabriel. O processo foi arquivado sem relatório.

Procurado, Miltinho negou ter a intenção de sair da base, mas admitiu estar insatisfeito com o atendimento de suas demandas. O estopim para a situação, segundo ele, teria sido a conduta da prefeitura em relação à prova de Stock Car na Pampulha e aos eventos no Parque Municipal durante o Carnaval. O parlamentar disse que somente desabafou durante o encontro e afirmou que ele e Gabriel apenas selaram um acordo de paz e harmonia no Legislativo.

"Família Aro". Durante a reunião de ontem, Fuad teria reafirmado também que o secretário de Governo, Castellar Guimarães Neto, continuará na PBH. A relação do secretário com a chamada “Família Aro”, inclusive, foi alvo de reclamação de uma vereadora, que acredita que a prefeitura privilegia o grupo. A queixa foi amenizada por Fuad, que prometeu durante a próxima semana chamar todos os vereadores para um anúncio de obras.

Na reunião, o vereador Juliano Lopes (Agir) teria dito também que, apesar do secretário de Estado de Casa Civil, Marcelo Aro, não ter decidido quem irá apoiar nas eleições municipais, ele espera que o grupo continue com Fuad.

Além de Castellar, participaram do encontro o secretário municipal de política urbana, João Antônio Fleury, e o secretário de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Josué Valadão, que desde a saída de Rosilene Rocha, no último mês, assumiu interinamente a pasta. 

Convite negado. A propósito, mesmo tendo sido convidados, a bancada da esquerda, formada pelos vereadores do PT e do PSOL, se negou a participar da reunião, porque ainda não teria digerido a forma como o governo cedeu à pressão de vereadores ligados a grupos evangélicos e alterado estruturas de atendimento no Centro de Referência LGBT+ de Belo Horizonte.

A medida do governo resultou no pedido de exoneração da ex-secretária Rosilene Rocha. Os vereadores de esquerda acreditam que, além de não serem base, este assunto ainda não foi devidamente conversado e teriam o desejo de uma reunião com o prefeito sem a participação de outros parlamentares. A prefeitura, no entanto, ainda não sinalizou uma data para o encontro. A expectativa é que uma reunião com o grupo seja marcada após o encontro com os vereadores da oposição.

Janela partidária. Durante o encontro com os vereadores da base, um grupo de parlamentares pediu ajuda ao prefeito para encontrar uma legenda para o vereador Reinaldo Gomes (MDB), que até o momento ainda não encontrou um partido para disputar a reeleição. Com a proximidade do fim da janela partidária, Fuad teria prometido conversar com o presidente do PSD no Estado, deputado Cássio Soares, sobre o assunto.

Desde o ano passado, os deputados federais Newton Cardoso Jr. e Hercílio Coelho Diniz, líderes do MDB em Minas, já haviam deixado claro que o vereador não poderia continuar no MDB. O movimento já era esperado, diante de um rompimento no diálogo com Reinaldo Gomes.