Minas Gerais

Sem pretensões eleitorais, Eduardo Azeredo retorna ao PSDB

A princípio, o ex-governador, que havia deixado o partido há três anos, não é pré-candidato a qualquer cargo eletivo nas eleições de outubro

Por Gabriel Ferreira Borges
Publicado em 17 de junho de 2022 | 15:50
 
 
O ex-governador Eduardo Azeredo retornou ao PSDB em março, quando se filiou ao lado do filho, Gustavo Azeredo Foto: Léo Fontes/O TEMPO

O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (1995-1999) retornou ao PSDB. Apesar de já participar de reuniões da Executiva nacional, o ex-governador não será, a princípio, candidato nas eleições de outubro. Azeredo estava afastado da vida político-partidária desde maio de 2019, quando deixou o PSDB em meio a queixas de “falta de solidariedade” após a condenação a 15 anos, sete meses e 20 dias de prisão por lavagem de dinheiro e peculato.

Ao Aparte, o filho de Azeredo, Gustavo Azeredo, afirma que o pai não tem pretensões eleitorais. “Ele não tem nenhum cargo e não será candidato a nada. A hipótese de uma candidatura já está descartada”, assegura Gustavo, que, assim como o pai, é filiado ao PSDB e descarta a empreitada eleitoral. “Eu também não vou ser candidato neste ano”, acrescenta o advogado. 

A candidatura de Azeredo também foi refutada pelo presidente do PSDB de Minas, Paulo Abi-Ackel. “O objetivo da filiação não foi uma candidatura, não. Ele não tem a intenção de ser candidato”, garante o deputado federal. “Mas é importante que ele tenha vida partidária. Como já foi até presidente nacional do PSDB, é importante que viva o ambiente partidário e dê a própria opinião. (...) Ninguém pode prescindir de um homem com a experiência de Eduardo.”

De acordo com Gustavo, o pai retornou ao PSDB para participar de “debates internos”. “A filiação foi realmente para participar novamente das decisões do partido, entender melhor o processo eleitoral e, também, ajudar no debate, porque ele sempre esteve no partido”, explica. Azeredo presidiu a Executiva nacional do PSDB em 2005 após José Serra deixar o cargo para concorrer à Prefeitura de São Paulo. 

Como já foi presidente, desde a refiliação, em março deste ano, o ex-governador integra os encontros da Executiva nacional, inclusive com direito a voto, como foi divulgado pela Folha de S. Paulo e confirmado pelo Aparte. Azeredo, por exemplo, foi favorável ao apoio tucano à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à presidência da República. Dentre os mineiros, apenas o ex-governador e o ex-prefeito de Belo Horizonte Pimenta da Veiga foram favoráveis. Os deputados federais Aécio Neves, Paulo Abi-Ackel e Eduardo Barbosa, por outro lado, foram favoráveis a uma pré-candidatura do próprio partido. 

Quando saiu, Azeredo deixou o PSDB melindrado, como confirmado em entrevista ao programa Alerta Super, da Rádio Super 91,7 FM, em março. “Eu deixei (a legenda) porque senti realmente uma falta de solidariedade em determinado momento, e isso me machucou, então achei melhor sair do partido”, afirmou o ex-governador. À época da desfiliação, Azeredo já estava há um ano preso no 1º Batalhão do Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte depois de ser condenado no caso conhecido como “mensalão” mineiro.

Questionado, Abi-Ackel afirma que as mágoas do ex-governador não eram com o diretório estadual. “Ocorreram declarações de dirigentes partidários da época, salvo engano de Geraldo Alckmin, que era presidente nacional do PSDB, contra ele. A chateação dele foi com essa declaração”, pontua o deputado federal. Na oportunidade, Alckmin, ao ser contestado sobre a condenação de Azeredo, respondeu que o partido “não passa a mão na cabeça de ninguém”.

A princípio, o ex-governador foi condenado à prisão por 20 anos e um mês por peculato e lavagem de dinheiro pela juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte Melissa Lage. A sentença foi então confirmada pela Quinta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Preso em maio de 2018, Azeredo foi solto em novembro de 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a defender que a prisão depois de condenação em segunda instância fere a presunção de inocência.

Já em liberdade, o ex-governador, após recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) teve a condenação mantida, mas a pena reduzida para 15 anos, sete meses e 20 dias. No entanto, em junho de 2021, a Segunda Turma do STF suspendeu a condenação de Azeredo, uma vez que entendeu que a Justiça comum não poderia ter julgado as denúncias contra o ex-governador, e, sim, a Justiça Eleitoral.