A Câmara dos Deputados tem hoje apenas 89 parlamentares identificados como alinhados ao governo, na avaliação de casas de análise de risco e analistas independentes. É o que aponta a pesquisa Barômetro do Poder, do site Infomoney, realizada na última semana de janeiro. De acordo com o estudo, entre os 513 parlamentares da Casa, a oposição conta hoje com 156 votos, enquanto 268 deputados foram considerados de posicionamento “incerto”.

A situação é a pior desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Em janeiro de 2019, eram 242 os parlamentares considerados alinhados, 121 os incertos e 150 os da oposição. A situação foi se invertendo a partir de março e piorou bastante para o governo a partir de maio, quando se iniciou o confronto mais direto com membros do PSL. Em relação à pesquisa anterior, de novembro de 2019, o governo perdeu quatro deputados, que migraram para a posição “incertos”, na avaliação dos analistas.

A situação não é muito diferente no Senado, onde o governo hoje pode contar com o voto de 16 parlamentares alinhados e tem que brigar por outros 43 incertos. A oposição conta com 22 votos mais seguros atualmente. Também no caso do Senado a piora começou entre março e maio do ano passado. Da pesquisa de novembro para a de janeiro, o governo perdeu quatro votos certos e a oposição ganhou um. Os outros três forma para a posição “incertos”.

Com a piora no cenário, hoje o governo não tem capacidade para aprovar as pautas que define como prioritárias, dependendo muito mais da vontade do comando do Congresso. Além disso, eles apontam que as eleições municipais devem dificultar o andamento dos trabalhos, o que é comum no Brasil de dois em dois anos. Dois terços dos 14 analistas e casas de risco ouvidos acham que são altas as chances de haver impactos da disputa pelas prefeituras na relação entre Jair Bolsonaro e o Congresso Nacional.

Entre as propostas com mais chances de avançar estão o marco legal das concessões, o marco do saneamento, a autonomia do Banco Central e a PEC 015/2015, que torna permanente o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O tema mais espinhoso para o governo tende a ser a privatização da Eletrobras.

Foram ouvidos na pesquisa os analistas Antonio Lavareda (Ipespe), Cláudio Couto (Eaesp/FGC), Carlos Melo (Insper) e Thomas Traumann. Além deles, as casas de risco BMJ Consultores Associados, Control Risks, Eurasia Group, MCM Consultores, Medley Global Advisors, Patri Políticas Públicas, Prospectiva Consultoria, Pulso Público, Tendências Consultoria Integrada e XP Política. A consulta foi feita entre os dias 27 e 29 de janeiro e, conforme combinado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo mantido o anonimato das respostas.