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Em aceno pacificador, Lewandowski vai à Câmara e suaviza embate da oposição

Ministro da Justiça é ouvido em audiência na Comissão de Segurança e entra na mira de parlamentares da oposição

Por Hédio Júnior
Publicado em 16 de abril de 2024 | 17:25
 
 
A uma plateia de deputados majoritariamente de oposição, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski (ao centro), responde questionamentos na Comissão de Segurança Pública da Câmara Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em tom pacificador e distinto da postura combativa de seu antecessor Flávio Dino, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, participou na tarde desta terça-feira (16) de uma audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados. 

Diante de uma plateia de questionadores manjoritariamente formada por parlamentares da oposição e integrantes da “bancada da bala”, Lewandowski optou por suavizar as respostas às perguntas que chegavam com críticas ao governo federal, à dispensa de Dino aos convites e convocações da comissão e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Para demonstrar a abertura da pasta ao Legislativo, o ministro da Justiça não foi só à comissão. Junto levou o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues; o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Antônio Fernando Oliveira; e o secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia. 

Convites e convocações

A ida de Lewandowski à comissão difere da postura de Flavio Dino, que mesmo diante de várias convocações e convites alegou risco de segurança e integridade e não compareceu às reuniões. Esta, no entanto, não foi a primeira vez que Lewandowski se reuniu com deputados do colegiado. Convocado anteriormente, negociou com o presidente da comissão, deputado Alberto Fraga (PL-DF), audiências em seu próprio gabinete no Ministério da Justiça.

Os parlamentares da oposição aproveitaram para defender colegas investigados pela Polícia Federal, como Alexandre Ramagem (PL-RJ); o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto de lei das "saidinhas", criticaram o cadastramento de CACs pela Polícia Federal e até mesmo a operação Lesa Pátria, que investiga as invasões das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e suposta tentativa de golpe de Estado no país. 

A presença de Lewandowski na Comissão de Segurança da Câmara, se não acalmou, pelo menos suavizou os ânimos de alguns deputados dispostos ao embate. “Muito oportuna suas perguntas”, “obrigado por suas ponderações” e a promessa de que “pretendemos estabelecer aqui um diálogo permanente” foram algumas das introduções usadas pelo ministro ao responder os deputados. 

“Diferente do seu antecessor que tinha um caráter belicoso, debochado, arrogante, desrespeitoso, o senhor inaugura uma nova etapa desse governo com relação à Segurança Pública e faz uma grande contribuição. Nós temos a segunda maior frente do Congresso Nacional, que é a Frente de Segurança Pública. Temos uma das comissões mais aguerridas na oposição a esse governo e quando o senhor vem à essa Casa com esse espírito democrático e debatendo francamente os assuntos que mais incomodam o cidadão brasileiro que é a segurança”, elogiou o deputado Aluisio Mendes (Republicanos-MA).