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CPI da BHTrans: ex-gerente admite que sabia desde 2020 onde estava licitação

Em outras ocasiões, Adilson Elpídio Daros disse que achava que documentação estava na Procuradoria de BH; no entanto, em 2020 ele solicitou o desarquivamento dos documentos a pedido do Ministério Público

Por Franco Malheiro
Publicado em 28 de setembro de 2021 | 19:12
 
 
Policiais abrem caixa com documentos sobre licitação do transporte público em BH Foto: Flávio Tavares/O Tempo

O ex-gerente de Estudos Tarifários e Tecnologia da BHTrans, Adilson Elpídio Daros, afirmou à CPI da BHTrans, nesta quinta-feira, que sabia, de 2020, que a licitação de 2008 estava em uma empresa de guarda documental.

Com o depoimento, no entanto, Daros se contradiz com informações que ele já havia passado anteriormente. O presidente da BH Trans,  Diogo Prosdocimi, afirmou que o ex-gerente  teria informado, em outras ocasiões, que “achava que os documentos estavam na Procuradoria Geral do Município”. Na reunião desta terça-feira, Adilson confirmou o que disse a  Prosdocimi.

Segundo o ex-gerente, a pedido do Ministério Público, que investiga possível formação de cartel na licitação da BHTrans, foi solicitado o desarquivamento destes documentos.

“Toda parte relativa à documentação aos contratos de transporte público eles ficam sob a responsabilidade da gerência que estive a frente, por isso quando pediram o desarquivamento, fui eu que precisei fazer isso”, afirmou e explicou que a documentação chegou à BHTrans em 21 de agosto de 2020, e ele colocou as caixas em um sala na autarquia, houve a inspeção do MP e depois os documentos retornaram à empresa de guarda.

Ao ser questionado pelo presidente da CPI, Gabriel Azevedo, porque informou, quando questionado, que achava que as caixas estavam na procuradoria mesmo tendo participado da inspeção delas em 2020, o ex-gerente não soube explicar.

“Sempre tive na minha cabeça que essas caixas estavam na procuradoria. Era muito coisa na minha cabeça e coisas para resolver.”, afirmou ao ser questionado pelo presidente da CPI Gabriel Azevedo.

No decorrer da CPI, a vereadora Bela Gonçalves do PSOL voltou a questiona-lo sobre a questão e o ex-gerente afirmou que quando a diretora de transporte o peguntou sobre o documento, na hora, ele não lembrou que se tratava da documentação solicitada em 2020 pelo MP. 

"Depois dessa solicitação e dessa resposta de que eu achava que estava na procuradoria, não teve nenhum retorno de que minha resposta estava errado, tanto que eu não me preocupei. No dia 10 de setembro, o Daniel Marx (diretor de planejamento), me perguntando se a documentação de 2020 era da licitação ou a auditoria feita pela Maciel. Ai eu fui confirmar com o MP e me falaram que era a licitação e ai eu passei para o Daniel", afirmou.

As caixas

No dia 10 de setembro deste ano, oito caixas com essa documentação foram encontradas em uma empresa contratada para guardar o documento, após a CPI e o atual presidente da BHTrans terem solicitado a documentação e não ter a encontrado. Os documentos foram entregues pelo o ex-gerente Adilson Elpídio no dia 13 de setembro para o presidente da empresa pública, Diogo Prosdocimi que abriu um boletim de ocorrência.

Prosdocimi informou à CPI quando prestou depoimento em julho que procurava pelas caixas desde que assumiu o posto em janeiro. O presidente afirmou que o ex-gerente informou que as caixas estariam na Procuradoria do Município.

A Polícia Civil, no dia 22 de setembro, abriu as caixas diante da imprensa, vereadores da CPI, membros do Ministério Público e Ministério Público de Contas. As caixas estão sendo periciadas e o caso está sendo investigado pela PC em sigilo.