Sindicatos de servidores públicos de Minas Gerais falam em irresponsabilidade do governo do Estado em não conseguir, em 14 anos de funcionamento da Cidade Administrativa, o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVBC), conforme mostrou reportagem de O Tempo nesta quarta-feira (15/05).

O documento, exigido para edifícios comerciais, industriais, residenciais ou públicos, atesta que a construção está equipada para enfrentar um incêndio por contar com equipamentos como extintores e avisos de rota de fuga.

A reportagem entrou em contato com o Ministério Público de Minas Gerais para questionamentos sobre medidas que poderiam ser tomadas contra o Estado pela ausência do AVCB. Porém, não houve retorno.

O comando do próprio Corpo de Bombeiros funciona em um dos prédios da Cidade Administrativa, o Minas, que não têm o AVCB. "Fiquei surpreso com a situação (o fato de a Cidade Administrativa não ter o auto). Aquilo que o Estado exige ele tem que dar exemplo e cumprir", afirma o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), Heder Martins de Oliveira.

A diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde-MG), Núbia Roberta Dias, classificou como um "absurdo" a falta do AVCB. "A gente não tinha ideia disso", diz. A dirigente afirma que o sindicato estuda apresentar denúncia contra o Estado pela irregularidade.

Núbia reclamou também do cenário na Cidade Administrativa após a interdição dos elevadores por problemas estruturais. Parte dos servidores, pela paralisação dos equipamentos, foi colocada em home office.

Quem ocupa postos, no entanto, que exigem regime presencial, têm que assinar um termo de compromisso para acessar as edificações. No documento, o servidor afirma ter condicionamento físico para subir escadas.

Os prédios têm 14 andares. Em novembro do ano passado, quando começaram a ser identificados os problemas nos elevadores, um servidor infartou e morreu ao tentar chegar ao trabalho na Cidade Administrativa pelas escadas. "A obrigação de fornecer um local de trabalho é do empregador", frisa Núbia.