DELAÇÃO PREMIADA

Delator implica Eduardo Campos e mais 60 em lista de propinas

Segundo ex-diretor, dinheiro servia para garantir, no Congresso, o apoio de aliados ao governo

Por DA REDAÇÂO
Publicado em 06 de setembro de 2014 | 08:22
 
 
Benefício. A partir da delação, Paulo Roberto Costa poderá permanecer preso na sua casa DANIEL CASTELLANO/GAZETA DO POVO/ESTadão conteúdo - 19.5.2014

SÃO PAULO. A menos de um mês das eleições presidenciais, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou nomes ligados à base da presidente Dilma Rousseff (PT) e à campanha de Marina Silva. Entre os políticos envolvidos com esquema de corrupção na Petrobras, estava o ministro Edison Lobão, os líderes do Congresso e até o ex-governador Eduardo Campos, informou neste sábado a revista “Veja”, sem apresentar documentos e valores.


A revelação dos nomes faz parte de um acordo de delação premiada que Costa fechou no dia 22 de agosto com os procuradores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que querem saber como os contratos da Petrobras eram superfaturados e como o valor a mais retornava para os políticos.

No documento obtido pela “Veja”, Paulo Roberto Costa cita pelo menos 25 deputados federais, 6 senadores, 3 governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam tirado proveito de parte do dinheiro desviado dos cofres da Petrobras.

Contudo, papéis obtidos pela “Folha de S.Paulo” mostram que a lista de políticos tem no total 12 senadores e 49 deputados federais. O jornal não teve acesso ao documento que cita os nomes dos parlamentares .

INVESTIGAÇÃO. A escolha de buscar mais informação sobre os contratos superfaturados e o caminho pelo qual a propina chega aos partidos têm uma razão prática: são esses pontos sobre os quais os procuradores têm menos provas para usar nas ações penais. Os procuradores dizem nas ações que os recursos saíram de contratos superfaturados da Petrobras, principalmente na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, da qual Costa era um dos responsáveis. A obra já consumiu US$ 18,5 bilhões (R$ 42,2 bilhões).

Costa dizia na cela em que está preso na Polícia Federal em Curitiba (PR) que não teria eleições neste ano se ele revelasse tudo o que sabe. Os políticos receberiam, segundo Costa, 3% do valor dos contratos da Petrobras na época em que ele era diretor de distribuição da estatal, entre 2004 e 2012. Ainda de acordo com o delator, a distribuição do dinheiro servia para garantir que os partidos aliados continuassem a apoiar o Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Costa foi indicado pelo PP para a diretoria de distribuição da Petrobras em 2004, ficou no cargo até 2012 e conseguiu apoios no PT e PMDB. Dessa forma, participou dos dois governos Lula e dos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff.

As investigações da PF já haviam revelado a existência de uma ampla rede de corrupção na Petrobras envolvendo funcionários da empresa, grandes empreiteiras, doleiros e políticos importantes. Os depoimentos de Paulo Roberto Costa estão sendo colhidos desde o dia 29 agosto pela Política Federal. Ao todo, já são mais de 40 horas de conversas gravadas, revela a revista.

Acordo ainda tem que ser chancelado pelo STF
São Paulo. O depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa chegou no começo desta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ministro Teori Zavascki homologue o acordo. Apesar de já ter feito depoimentos, os termos da delação premiada de Costa precisam ser chancelados por um juiz.

O acordo feito por Costa determina que, caso as informações que ele der aos investigadores forem úteis, ele será beneficiado com uma redução de pena ou perdão judicial.

Por envolver políticos, que têm direito a foro privilegiado, o caso está sendo acompanhado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot.