A ex-presidente da Caixa Econômica, a economista Rita Serrano, comentou sobre a sua demissão feita pelo governo na quarta-feira (26), uma medida tomada para que o Centrão ganhe mais espaço. Em um artigo publicado na internet, Rita enfatizou a dificuldade das mulheres em ocupar "espaços de poder" e disse que "é preciso pensar em outra forma de fazer política". Funcionária de carreira da Caixa desde 1989, Maria Rita estava desde janeiro como presidente da instituição.

"Ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses à fio na imprensa. Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho", disse Rita.

No lugar de Rita, fica o servidor da Caixa Carlos Vieira Fernandes, que já ocupou cargos de confiança em ministérios de partidos do Centrão.

CRÍTICAS A LULA

O presidente causou incômodo na militância petista com nova troca para acomodar o Centrão. No início de seu governo, Lula contava com um recorde de 11 ministras em seu primeiro escalão. Além disso, tinha duas mulheres chefes de bancos: Rita Serrano, na Caixa, e Tarciana Medeiros, no Banco do Brasil. No entanto, passados dez meses de sua eleição, o cenário é diferente

São duas ministras a menos, que foram engolidas para abrigar o Centrão. Daniela Carneiro (ex-Turismo), que deu lugar a Celso Sabino, do União Brasil, e Ana Moser, ex-ministra dos Esportes, que em uma minirreforma ministerial, foi substituída André Fufuca (PP-MA).

Dada a demissão, o clima é de mal-estar entre as mulheres do governo. Nesta quarta, as ministras de Lula evitaram comentar sobre a demissão de Rita Serrano ao chegar em um evento sobre o combate à misoginia.

Entre elas, as ministras Cida Gonçalves (Mulheres), Esther Dweck (Gestão), Margareth Menezes (Cultura), Nisia Trindade (Saúde), Marina Silva (Meio Ambiente), Anielle Franco (Igualdade Racial) e Sônia Guajajara (Povos Originários).