CONTAS PÚBLICAS

Orçamento: Bolsonaro diz que vai cortar R$ 3 bilhões do Executivo e do Congresso

Presidente confirmou sanção do Orçamento de 2022 com vetos que totalizam cerca de R$ 3,1 bilhões, nas contas da Casa Civil

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 22 de janeiro de 2022 | 13:19
 
 
Além do ex-presidente, Michelle Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid, que assessorava Bolsonaro, também foram alvos do magistrado Foto: EVARISTO SA / AFP

O presidente da República Jair Bolsonaro (PL) confirmou a sançãoao Orçamento de 2022 com vetos de aproximadamente R$ 3,1 bilhões, segundo cálculos da Casa Civil divulgados em podcast da pasta na sexta-feira (21).

Ele afirmou que uma parte do veto foi de recursos do próprio Executivo, mas não deu detalhes de quais setores sofrerão cortes, nem se vai mexer no valor de R$ 1,7 bilhão reservado para reajuste de servidores públicos, prometido por Bolsonaro às carreiras policiais.

A outra parte dos vetos, de acordo com o presidente, foi aplicada em emendas de comissão do Congresso Nacional.

“Eu vetei. Eu sou obrigado a vetar, se eu sancionar, eu tenho que ter o recurso definido, da onde vem o dinheiro. Foi sancionado ontem [sexta-feira, 21]", disse Bolsonaro.

"Por alto, não tive cabeça para ver com profundidade, confiei na equipe, foram vetados R$ 2,8 bilhões lá, parte do nosso [Orçamento], vou cortar na própria carne, e parte nas emendas de comissão do Congresso”, acrescentou.

O presidente passeou em Eldorado, no interior paulista, neste sábado (22). Ele, a primeira-dama Michelle, e o filho, senador Flávio Bolsonaro, participaram do enterro de Olinda Bolsonaro, mãe do presidente, que faleceu aos 94 anos na sexta-feira (21), que morava na cidade.

A sanção deverá ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (24), de acordo com informações da Secretaria-Geral da Presidência.

Equipe econômica insatisfeita com Orçamento 2022

Devido à crise na aprovação do Orçamento 2022, promovida sobretudo pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o Ministério da Economia enfrenta novo episódio de desfalque na equipe técnica.  

Na sexta-feira (21), foram entregues os pedidos de exoneração do subsecretário de Assuntos Fiscais da Secretaria de Orçamento Federal, Luiz Guilherme Pinto Henriques, e o subsecretário de Gestão Orçamentária, Márcio Luiz de Albuquerque Oliveira, de acordo com o portal Metrópoles.

A expectativa é que essas exonerações sejam oficializadas no Diário Oficial da União (DOU) já nos próximos dias.

Reajuste para servidores segue suspenso

Tentando contornar os impasses que se anunciam tanto com o Executivo quanto com os parlamentares, Bolsonaro aventou “a possibilidade de esse recurso ser composto ao longo de ano de acordo com a arrecadação”.

“No ano passado, além do previsto, arrecadamos mais de R$ 300 bilhões, isso lógico tem o trabalho nosso de buscar alternativas”, justificou, indicando que fará novos ajustes no Orçamento ao longo do ano.

Após ter prometido reajuste salarial apenas aos policiais, Bolsonaro agravou a tensão com os servidores públicos federais, que se inflamou nesta semana.

Na terça-feira (18), os funcionários do Banco Central cruzaram os braços por duas horas em frente à sede do BC e em outras praças. Eles prometeram não arrefecer na exigência do reajuste de, pelo menos, 19,9%, segundo informação do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

A equipe do Ministério da Economia estima que são necessários aproximadamente R$ 4 bilhões para dar os reajustes demandados pelos servidores.

Na paralisação, os servidores do BC contaram com o reforço de outras categorias, como professores e servidores públicos federais representados pelo Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), constituído por 37 categorias. 

Naquela mesma terça-feira à tarde, as categorias seguiram para um ato em frente ao Ministério da Economia, onde formalizaram e entregaram o pedido de reajuste.

As categorias ameaçam repetir paralisações por todo o país nos dias 25 e 26 de janeiro para mobilizar a greve geral na segunda quinzena de fevereiro, se não houver acordo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e ministro da Economia, Paulo Guedes.

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