A Associação de Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Univisa) divulgou uma nota nesta sexta-feira (17) em que repudia a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a aprovação da vacina da Pfizer contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. A entidade considera uma intimidação aos servidores do órgão.

Na noite de quinta-feira (16), Bolsonaro — que declara não ter se vacinado e ataca incessantemente as vacinas — levantou dúvidas sobre a decisão da Anvisa em uma transmissão ao vivo nas redes sociais. O presidente cobrou a divulgação dos nomes dos responsáveis pela autorização e disse que os pais devem avaliar se darão ou não o imunizante aos seus filhos.

“A Anvisa não está subordinada a mim – deixar bem claro isso. Não interfiro lá. Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de 5 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento de quem são essas pessoas e, obviamente, formem o seu juízo”, discursou Bolsonaro.

A decisão do corpo técnico da Anvisa acompanhou uma decisão já tomada pelos mais respeitados órgãos de fiscalização de medicamentos do mundo. Os Estados Unidos foram os primeiros, com a liberação da Pfizer para crianças em 29 de outubro. Depois vieram Israel, Alemanha e outros países.

Na nota divulgada nesta sexta, a Univisa afirmou que a intenção de divulgar a identidade dos envolvidos na análise técnica “não traz consigo qualquer interesse republicano”. 

“[A fala de Bolsonaro] Mostra-se como ameaça de retaliação que, não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência. Uma atitude que demonstra desprezo pelos princípios constitucionais da Administração Pública, pelas decisões técnicas da agência e pela vida dos seus servidores”, divulgou a organização, em publicação nas redes sociais.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar o noticiário dos Três Poderes.