Israelenses e cidadãos com dupla nacionalidade que moram no Brasil estão sendo convocados para lutar contra o Hamas na guerra iniciada no último sábado (7). A informação foi confirmada por representantes da Embaixada de Israel em entrevista na redação de O TEMPO em Brasília nesta terça-feira (10).
"A Forças Israelenses estão convocando só israelenses que estão temporariamente no Brasil. E a possibilidade de um israelense que vive no Brasil ser chamado só existe se a pessoa não se desligou da unidade de reserva", afirmou uma fonte à reportagem.
Sobre a dupla nacionalidade: isso vale para quem já serviu o exército israelense durante o serviço obrigatório. A convocação, para quem recebeu e faz o treinamento anual, é obrigatória para quem ainda está ligado a uma unidade de reserva
Ainda não há informações sobre a quantidade de pessoas já chamadas para lutar no Oriente Médio. As convocações ocorrem por e-mail. A representação diplomática de Israel em Brasília confirmou apenas a saída de um avião de Lima, no Peru, às 20h no horário local nesta terça-feira (10).
A aeronave vai levar israelenses e cidadãos com dupla nacionalidade residentes em toda América Latina. Por enquanto, as representações diplomáticas de Israel na região não estão aceitando voluntários.
Chefe da Diplomacia Pública e porta-voz da Embaixada de Israel no Brasil, Or Shaul Keren, esteve na redação de O TEMPO em Brasília acompanhado de assessores, para uma entrevista exclusiva. No passado, foi conselheiro do diretor-geral do Ministério do Interior de Israel em dois governos.
Or Shaul Keren cobrou uma posição mais firme do Brasil sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
"Esperamos um apoio integral do Brasil. O Brasil não deve se abster diante desse crime do Hamas. Não pode permanecer passivo e deve dar seu total apoio a Israel para eliminar essa ameaça", disse.
Até agora, dois brasileiros que participavam do festival de música eletrônica SUPERNOVA Universo Paralello Edition próximo à Faixa de Gaza foram encontrados mortos. Já Karla Stelzer, 41 anos, continuava desaparecida até a publicação desta reportagem. A festa foi interrompida durante o ataque que, até agora, deixou mais de 260 pessoas mortas, segundo as autoridades israelenses.
O diplomata também comentou a posição do governo brasileiro sobre os ataques. Ele criticou o fato do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não citar nominalmente o Hamas em suas declarações e nem classificá-lo como terrorista.
"Hamas é uma organização terrorista. Não se pode ignorar isso. Nós pedimos apoio integral para lidar com o conflito. Essa é a expectativa principal". Tradicionalmente, o governo brasileiro só considera um grupo como terrorista se ele for considerado dessa forma pela Organização das Nações Unidas (ONU).