Investigação

PF faz operação contra plano para matar servidores e autoridades; Moro era alvo

Mais de 120 agentes cumprem mandados. Um dos alvos era o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR)

Por Renato Alves
Publicado em 22 de março de 2023 | 07:51
 
 
A investigação teve início em 2020 Foto: Divulgação PF

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (22) uma operação contra um grupo criminoso que planeja sequestrar e assassinar servidores públicos e autoridades. 

Um dos alvos era o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Outro seria o promotor de Justiça de SP Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco).

O plano foi descoberto pelo Ministério Público de São Paulo, que compartilhou as informações com a Polícia Federal. O senador e a família passaram a contar com escolta da Polícia Militar do Paraná.

O parlamentar se manifestou por meio do Twitter, logo após a operação ser divulgada. Ele disse que o plano seria executado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), o grupo criminoso que age dentro e fora das cadeias do Brasil e de países vizinhos. 

Sobre os planos de retaliação do PCC contra minha pessoa, minha família e outros agentes públicos, farei um pronunciamento à tarde na tribuna do senado. Por ora, agradeço a PF, PM/PR, Polícias legislativas do Senado e da Câmara, PM/SP, MPE/SP, e aos seus dirigentes pelo apoio e…

— Sergio Moro (@SF_Moro) March 22, 2023

O senador não revelou mais nomes. A PF disse apenas que há também um promotor de Justiça na mira. O senador anunciou que fará um pronunciamento à tarde, na tribuna do Senado.

Para sequestrar e matar Moro e seus familiares, integrantes do PCC alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador, em Curitiba (PR). A família dele teria sido monitorada por meses pela facção criminosa, segundo os investigadores.

Quando era ministro de Segurança Pública, Moro determinou a transferência do chefe da facção, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros integrantes para presídios de segurança máxima. À época, Moro defendia o isolamento de organizações criminosas como forma de enfraquecê-las.

Marcola foi transferido do sistema penitenciário estadual de São Paulo para a penitenciária federal em Brasília em fevereiro de 2019. Meses depois, seguiu para uma unidade federal em Rondônia e depois retornou para a capital federal.

Na época, a medida desagradou ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que acionou a Justiça pedindo o fechamento do presídio federal de Brasília.

Agentes cumprem 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão

Cerca de 120 agentes cumprem 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão no Distrito Federal e nos estados de Rondônia, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

De acordo com as investigações, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e Paraná.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, se manifestou cedo sobre a operação.

Foi investigado e identificado um plano de homicídios contra vários agentes públicos (dentre os quais um senador e um promotor de Justiça). Hoje a Polícia Federal está realizando prisões e buscas contra essa quadrilha. Meus cumprimentos às equipes da PF pelo importante trabalho

— Flávio Dino 🇧🇷 (@FlavioDino) March 22, 2023

A operação foi batizada de “Sequaz”, que se refere ao ato de seguir, vigiar e acompanhar alguém, devido ao método usado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações sobre as possíveis vítimas.

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