Legislativo Municipal

Líder de governo e relator 'escolhido' pela PBH ficam de fora de CPIs na Câmara

Prefeitura não conseguiu emplacar aliados nas comissões que foram instaladas na Câmara de BH e cobrou parlamentares da base governista

Qui, 20/05/21 - 06h00

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Após a presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Nely Aquino (Podemos), divulgar a composição das duas CPIs abertas na Casa, membros da prefeitura estranharam a ausência do líder de governo, Léo Burguês (PSL), no colegiado que vai apurar supostas irregularidades em contratos da BHTrans e de Dr. Célio Frois (Cidadania) na comissão que analisará os gastos da prefeitura durante a pandemia. Frois tinha sido escolhido pelo Executivo para ser o relator dessa CPI. 

A reportagem apurou – e a presidente da Casa confirmou – que o líder de governo não foi indicado pelo bloco parlamentar que ele integra, o Todos por BH, liderado por Rogério Alkimim (PMN). Célio Frois, que é líder da bancada do Cidadania na Casa, não indicou o próprio nome para compor nenhuma comissão e, por isso, também não figurou entre os titulares.

Tanto Frois como Alkimim são vereadores novos na Casa, mas isso não evitou a cobrança por parte do Executivo. De acordo com interlocutores ouvidos pela reportagem, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) ligou para Frois e o questionou sobre a ruptura do acordo feito entre eles. Já a ausência de Léo Burguês foi creditada a um “esquecimento” do vereador. 

Ontem, os dois parlamentares tentaram contornar as cobranças da prefeitura, mas sem sucesso, pela perda do prazo de indicação. O secretário de Governo, Adalclever Lopes (MDB), minimizou as ausências dos governistas nas comissões e disse que “não foi bem isso” que aconteceu.

Ao elogiar Célio Frois como “o nome mais qualificado para relatar a CPI da Covid” por ser o único médico no Legislativo, Adalclever confirmou que Frois seria o relator do colegiado e que “fizeram politicagem para ele não se indicar”, mas que o prefeito Kalil não se envolveu em problemas da Câmara.

Já Célio Frois disse que “quem faz a indicação é a presidência da Casa” e que ele não conversou com o prefeito, até “porque ele não se envolve em questões de indicação para membros de comissões, sejam elas permanentes ou parlamentar de inquérito”.

“Não tenho conhecimento de atrito com o Executivo. Espero que seja uma comissão técnica, de investigação, e que não tenha conotação político-partidária”, declarou. 

Frois negou o acordo para ser relator. “Penso que o governo esperava que a relatoria fosse ocupada por um nome técnico, apenas isso. O governo não me pediu nada, talvez por ser um nome técnico tenha causado desconforto àqueles que querem uma CPI política. Sobre a afirmação de politicagem para não me indicar, não procede, se fosse assim não teria sido indicado pela presidência para a suplência, o que não me agradou”, ressaltou.

Ao justificar o descontentamento, Célio Frois argumentou que por ser médico, professor e ter militância na saúde, acredita que poderia contribuir de maneira técnica e por não desejar ser suplente, vai retirar o nome dele. 

Procurados, os vereadores Rogério Alkimim e Léo Burguês não se manifestaram.

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