“Sou ateu e materialista. Mas que tinha uma ‘mãozinha de lá de cima’ nos ajudando, tinha”. É assim, com esse paradoxo, que o veterano jornalista José Maria Rabêlo, um dos fundadores do semanário “Binômio”, define a atuação dos colegas mineiros durante o regime militar. Seu jornal foi fechado dias antes do golpe, e ele fugiu para o exterior. Viveu na Bolívia, no Chile e na França com a mulher e sete filhos. Porém, nunca deixou de ter notícias dos colegas que ainda tentavam desafiar a ditadura e sua absoluta vigilância.

Em entrevista por telefone, Guy Almeida, jornalista que também foi vigiado pelo regime, afirma que foram anos difíceis. “Não era uma vida fácil, mas precisávamos fazer alguma coisa”, conta. A reportagem tentou falar com Carlos Olavo da Cunha Pereira, diretor de “O Combate”, de Governador Valadares, mas ele está com problemas de saúde. (RF)