As últimas movimentações do prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), para conquistar uma base robusta na Câmara Municipal têm como pano de fundo o envio à Casa de projeto de lei que vem sendo guardado a sete chaves pelo governo. O texto pretende promover alterações nas regras para construção principalmente de prédios na capital. O prefeito já deixou claro que não está de acordo com o modelo atual, ao dizer em entrevista a O Tempo em abril que a capital vem perdendo espaço na construção civil para municípios vizinhos.

Damião já demonstrou também intenção em rediscutir as restrições para construção na Pampulha, onde é proibido erguer prédios altos. Na mesma entrevista a O Tempo o prefeito disse que não consegue "dormir tranquilamente" sabendo que Belo Horizonte não tem um prédio de 50 andares. Aliados do prefeito afirmam que "um texto importante" está sendo preparado pelo Poder Executivo municipal, mas não confirmam do que se trata.

Na câmara o prefeito tem dois caminhos para modificar o modelo de construção na capital. Um seria fazer a alteração em todo o Plano Diretor, que é o conjunto de regras para erguer edificações na capital. Essa saída, porém, seria mais demorada. A própria legislação determina que o plano só poderá ser alterado no ano que vem, sete anos após as últimas mudanças, ocorridas em 2019. A outra saída seria mudar o regramento em bairros específicos, também dentro do próprio plano, o que pode ser feito a qualquer momento, a partir do envio de projeto para a Câmara, que deverá ser a opção a ser escolhida por Damião, já que, ainda na entrevista a O Tempo, o prefeito disse que deverá propor as alterações ainda este ano.

Para não passar aperto ao propor as alterações à Câmara, Damião acelerou nos últimos dias a nomeação de indicações de vereadores e de partidos com assento na Câmara para cargos na prefeitura. Na quarta-feira, de um total de dez lideranças para as quais foram atribuídos cargos no Poder Executivo, sete têm vereadores em Belo Horizonte: PT, PDT, União, MDB, Solidariedade, Cidadania e Republicanos. O único partido que não tem parlamentares na capital e conseguiu cargo na prefeitura foi o PSDB. A indicação, para posto na Fundação de Parques e Zoobotânica, não contou com articulação da legenda, conforme a sigla.

Nesta quinta, a vereadora Cida Falabella (PSOL), legenda que tem três dos 41 parlamentares na Câmara, conquistou os cargos de presidente e vice-presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), o braço da prefeitura para a área. A articulação, conforme a sigla, também não passou pelo crivo do partido. Nesta sexta-feira (4 de julho), Cida afirmou que a bancada, após as indicações, permanece independente em relação ao governo.

Damião também agiu rapidamente para resolver um problema que se repete governo após governo, que é o pagamento das emendas parlamentares apresentadas pelos vereadores, no caso, para execução em 2025. Um total de R$ 11,6 milhões não seriam repassados aos parlamentares, por erros estruturais nas emendas. O prefeito, no entanto, enviou em maio um projeto de lei à Casa, prevendo o pagamento, após correção nas sugestões. O texto já foi aprovado em dois turnos pela Câmara e está na fase de redação final. O próximo passo é a sanção do chefe do Poder Executivo.